CAFÉ

Café vai ficar mais caro em 2025? Como o recuo das safras pode impactar o estoque nacional

Diminuição da produção, inflação e exportação: como o consumo de café nacional pode ser afetado em 2025/26

Café.Créditos: Pixabay
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De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de café no Brasil deve recuar 4,4% nas safras de 2025 e 2026 em relação ao volume avistado no ciclo de produção anterior. 

O motivo é, além dos impactos da redução das chuvas na temporada, a incidência de mais altas temperaturas nas fases de floração do café. 

A safra anterior, que já havia registrado uma inflação de 3,42% nos preços nacionais do café até junho de 2024, de acordo com dados do IBGE, sofreu com os efeitos mais agravados do El Niño, que alterou padrões de chuva nas regiões produtoras e afetou a produtividade e o preço do café moído.

Na próxima safra, espera-se uma produção de até 51,8 milhões de sacas, aponta a Conab, uma redução em relação à safra anterior (2023/24), que crescera 8,2% (foram produzidas 55,1 milhões de sacas de café no Brasil em 2023). A tendência de diminuição se dá apesar do crescimento na área de cultivo do café (que foi de 0,5% em 2024, alcançando 2,25 milhões de hectares totais e, destes, 391,46 mil ainda em formação). 

A produtividade do setor vai continuar a ser afetada pelo clima: em Minas Gerais, o estado com o maior volume de produção, a redução na safra do café arábica, de que o Brasil é o maior produtor mundial (corresponde a cerca de 70% da produção nacional), pode chegar a 12,1%.

Devem ser produzidas, no total, 34,7 milhões sacas de café arábica no Brasil, uma queda de 12,4% em relação ao ciclo anterior (quando foram produzidas 42,1 milhões de sacas), diz a Conab.

Em alguns estados, como é o caso do Espírito Santo, a produção não deve seguir apenas a tendência de baixas, mas vai, pelo contrário, aumentar. Para o café conilon, por exemplo, está previsto um aumento de 9% na produção (é o principal tipo de café a ser produzido no estado), devido às chuvas registradas entre julho e agosto do ano passado, durante seu período de floração.

Mas o café arábica também deve sofrer recuo nas safras do Espírito Santo, que pode chegar a até 18,1%.

Na Bahia, a produção total de café também deve crescer (até 11,3%), atingindo 3,4 milhões de sacas no total, ao contrário de São Paulo, em que as condições climáticas podem levar a uma queda de 15,3%.

Exportação e estoque nacional

 Além do cenário previsto de baixa na produção, há outro aspecto que pode influenciar no encarecimento do café nacional para o período de 2025-2026: a valorização do café no mercado externo, derivada da alta do dólar e dos preços mais elevados do café nas bolsas de valores. 

Isso deve manter o maior fluxo de exportações de café brasileiro avistado já em 2024, quando o movimento em direção ao mercado externo alcançou um recorde — subiu 33,3%.

Leia mais: Exportação de café sobe 33,3% e alcança número recorde em setembro | Revista Fórum

A priorização das exportações e a baixa no número de sacas de café podem contribuir para, em conjunto, encarecer o preço do café nacional, que pode passar por novas altas inflacionárias.

 

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