LUTO

Hipóteses: Polícia da Escócia fala sobre morte da jornalista Nathalia Urban

Correspondente do Brasil 247 chegou a ser socorrida, mas teve morte cerebral dias depois num hospital de Edimburgo

A jornalista Nathalia Urban.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Após uma grande repercussão na imprensa da morte em Edimburgo, na Escócia, da jornalista brasileira Nathalia Urban, de 36 anos, que era correspondente do Brasil 247 no Reino Unido, as primeiras informações a respeito da tragédia, ainda que pouco esclarecedoras, começaram a ser repassadas pelas autoridades locais. O que vinha sendo reportado até então era de que ela havia sofrido um acidente, sido socorrida a um hospital, mas evoluído para um quadro de morte cerebral dias depois.

Agora, a polícia de Edimburgo explica que Nathalia caiu de uma ponte da cidade, sofreu fraturas de costela e uma perfuração no pulmão, além de um grave trauma cranioencefálico, num fato que teria acontecido na segunda-feira (23). Já em relação às circunstâncias do ocorrido, nada está claro. Uma investigação foi aberta para se descobrir as razões da queda.

Segundo os policiais, há várias hipóteses e nada está descartado ou evidenciado até o momento. Eles acreditam que pode ter sido um acidente, um ato de suicídio ou até mesmo um feminicídio. O que já foi apurado é que a jornalista tinha viajado com o noivo, um australiano, para passar férias na Tunísia, país do Norte da África, mas teria regressado de lá já separada.

Quem era Nathalia Urban

Nascida em Santos, no litoral de São Paulo, Nathalia Urban se mudou para João Pessoa, na Paraíba, aos 15 anos. Iniciou seus estudos em Antropologia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mas transferiu-se para São Paulo, onde cursou Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Ela atuava como analista internacional e correspondente no Brasil 247, Brasil Wire e Jacobin Brasil. Comprometida com as causas populares e luta anti-imperialista, foi criadora do programa “Veias Abertas”, na TV 247, dedicado à América Latina. A jornalista já colaborou em matérias da Revista Fórum e participou de programas da TV Fórum.

Amigos, familiares e colegas de profissão vêm expressando pêsames e consternação em publicações nas redes sociais.

"Consternado com a morte da Nathalia Urban. Deixo meu abraço solidário a todos os amigos e familiares. A vida é um sopro. Natália presente!", escreveu Renato Rovai, diretor de redação da Revista Fórum.

Leonardo Attuch, editor do Brasil 247, por sua vez, publicou uma nota prestando homenagens a Nathália Urban.

"Nascida num dia de Natal, em 1987, ela sempre demonstrou total compromisso com a luta das mulheres, dos imigrantes e de todos os povos oprimidos do mundo (...) Outra causa à qual ela se dedicou com paixão foi a luta do povo palestino.  Somos extremamente gratos por termos tido a oportunidade de desfrutar de sua companhia e de seu conhecimento ao longo de todos esses anos. Muito obrigado, amiga! Estamos em luto e consternados. Nathalia Urban, sempre presente!".

Sua trajetória no jornalismo começou ainda na universidade, durante trabalhos de campo no curso de Ciências Sociais. Motivada pelo desejo de "fazer a diferença", Nathalia decidiu migrar para o jornalismo. Em novembro de 2013, foi para Londres, na Inglaterra, em busca de novas oportunidades.

Durante seu período em Londres, começou a se envolver com movimentos progressistas. Enquanto trabalhava como recepcionista em um salão de beleza, enfrentou preconceito por causa de seu sotaque, mas esse episódio a aproximou de figuras importantes, como um membro do Movimento de Independência da Escócia. A partir daí, começou a se engajar com ativistas e coletivos de causas progressistas.

Cerca de três meses depois, Nathalia se mudou para a Escócia, onde seu interesse pelo imperialismo britânico começou a florescer. Com o passar do tempo, especialmente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu foco se voltou para a América Latina, o que a levou a se aproximar da imprensa progressista e consolidar sua carreira no jornalismo.

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