APOSTAS ILEGAIS

Gusttavo Lima usa camiseta de Bet, que tem sócio investigado, para divulgar retomada de shows

Estampada na camiseta do sertanejo, a Obabet faz parte grupo BPX Bets Sports Group, de José André da Rocha Neto, que é alvo da investigação

Gusttavo Lima anuncia volta ao Brasil com camiseta da ObaBet.Créditos: Reprodução de vídeo / Instagram
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Após manobrar para se livrar de um pedido de prisão por participar de um esquema bilionário de apostas online ilegais, o cantor bolsonarista Gusttavo Lima fez troça da investigação e anunciou sua volta aos palcos com uma camiseta da ObaBet, plataforma que faz parte do BPX Bets Sports Group, de José André da Rocha Neto, dono da Pix365, empresa alvo da Polícia Civil de Pernambuco.

"Fala, galera de Marabá. Aqui é o embaixador e passei para avisar que dia 27 de setembro tô chegando, não tem conversa. Vamos fazer um show maravilhoso pra gente matar a saudade e vai ser incrível esse nosso reencontro", disparou o sertanejo em vídeo nos stories da Positivo Eventos, organizadora do evento.

O anúncio do show foi feito dois dias após o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, do  Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), atender pedido da defesa do cantor e revogar a prisão preventiva.

Gusttavo Lima viajou para sua mansão em Miami horas antes da determinação de sua prisão, expedida na tarde da segunda-feira (23). O músico é um dos alvos da Operação Integration, que investiga uma organização criminosa de jogos ilegais, incluindo bets, e lavagem de dinheiro.

Estampada na camiseta do sertanejo, a Obabet pertence ao grupo BPX Bets Sports Group, uma holding registrada em Campina Grande que controla as casas de apostas esportivas e cassinos on-line VAIDEBET, BETPIX365 e OBABET -, e pertence a Rocha Neto.

O empresário, que participou do aniversário de Gusttavo Lima em um iate de 1 bilhão de dólares alugada na costa da Grécia, também teve a prisão preventiva dele e da esposa, Aislla Sabrina Rocha, revogadas no caso.

Rocha Neto ainda é dono da J.M.J. Participações, responsável pelo avião Cessna Citation 560 XLS, de Gusttavo Lima, que foi apreendido na operação da Polícia.

A aeronave está registrada no nome da Balada Produções, a produtora do cantor sertanejo. Porém, na ANAC consta que o jato é operado pela empresa J.M.J. Participações LTDA e que a aeronave está em Cláusula de Reserva de Domínio.

Neste tipo de contrato, o avião é passado para o novo dono, no caso a J.M.J, antes mesmo da quitação do valor da compra. 

Essa transação levantou suspeitas da polícia sobre um suposto esquema de lavagem de dinheiro e a possibilidade de Lima ser sócio oculto das plataformas de apostas ilegais.

Operação Integration

O mandado de prisão preventiva contra Gusttavo Lima foi expedido pela juíza Andrea Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife. A decisão ocorre após o Ministério Público devolver o inquérito à Polícia Civil, solicitando a realização de novas diligências e recomendando a substituição das prisões preventivas por outras medidas cautelares.

Deflagrada no dia 4 de setembro, a Operação Integration resultou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra e de outras pessoas suspeitas de integrarem um esquema de lavagem de dinheiro. No mesmo dia em que a operação foi deflagrada, a Polícia Civil de São Paulo apreendeu um avião que pertencia à empresa de Gusttavo Lima, a Balada Eventos.

Na ocasião, o cantor Gusttavo Lima usou as redes sociais para afirmar que não tinha mais relação com o avião apreendido. "O bebê não pode pegar uma semana de descanso! Estão dizendo aí que o meu avião foi preso, gente... Eu não tenho nada a ver com isso, me tirem fora dessa. Esse avião foi vendido no ano passado. Honra e honestidade foram as únicas coisas que sempre tive na minha vida, e isso não se negocia", declarou o sertanejo.

Suspeita de lavagem de dinheiro

A empresa Balada Eventos e Produções, do cantor sertanejo bolsonarista Gusttavo Lima, está no centro da investigação envolvendo suspeitas de lavagem de dinheiro em esquema de jogos de apostas online, revelado pela operação "Integration", a mesma que levou a advogada e influenciadora Deolane Bezerra à cadeia.  

Segundo informações divulgadas pelo programa "Fantástico", da TV Globo, na noite deste domingo (8), a Balada Eventos teria participado do esquema em associação com empresas do empresário paraibano José André da Rocha Neto, que também está sendo investigado. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 20 milhões da empresa de Gusttavo Lima, além de imóveis e embarcações em nome da companhia. Um avião pertencente à Balada Eventos também foi apreendido durante a operação. A aeronave, que está em processo de transferência para a JMJ Participações LTDA, uma empresa de Rocha Neto, foi um dos bens identificados no esquema.

Rocha Neto, que também é proprietário da empresa de apostas Vai de Bet, tem Gusttavo Lima como garoto-propaganda. Além dos bloqueios à Balada Eventos, foram confiscados R$ 35 milhões das contas de Rocha Neto e R$ 160 milhões de suas empresas.

Outro lado

A defesa de Gusttavo Lima negou qualquer envolvimento do cantor ou de sua empresa no esquema criminoso. Segundo o advogado do bolsonarista, a Balada Eventos apenas vendeu o avião para uma das empresas investigadas e que todas as transações foram legais.

"A Balada Eventos e Gusttavo Lima não fazem parte de nenhum esquema de organização criminosa de exploração de jogos ilegais e lavagem de dinheiro", diz nota oficial da empresa. 

O próprio Gusttavo Lima, após a exibição da reportagem do Fantástico, se manifestou. Através dos stories do Instagram, ele afirmou ser vítima de "injustiça", dizendo ainda que não permitirá "fake news" associadas ao seu nome.