“Deus me livre de mulher CEO” foi a resposta do empresário bolsonarista Tallis Gomes a um seguidor que o fez uma pergunta nas redes sociais. O livramento chegou, mas com o sinal trocado. Ele perdeu o cargo de CEO na G4 Educação para uma mulher.
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O anúncio da troca de comando da empresa foi feito neste sábado (21) pelas redes sociais. A nova CEO (Chief Executive Officer, equivalente a diretora executiva ou presidenta), é Maria Isabel Antonini.
Ela é sócia da G4 e atua como CFO (Chief Financial Officer, diretora financeira). Segundo o comunicado, Antonini, tem mais de 10 anos de experiência na liderança e na gestão de negócios. É engenheira de produção pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ex-CEO da Singu, com passagens em grandes empresas, como GPA e Itaú Unibanco.
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Segundo a postagem, Tallis Gomes renunciou aos cargos de CEO e de presidente do Conselho.
"O G4 reafirma seu compromisso com a educação executiva de impacto, no qual a liderança feminina sempre esteve presente com protagonismo", diz o post, em uma clara referência à misoginia do agora ex-CEO.
Entenda o caso
A postagem de Tallis Gomes feita na quarta-feira (18) e dizia que o cargo de CEO "não era o melhor uso da energia feminina". Segundo o empresário, "o mundo começou a desabar exatamente quando o movimento feminista começou a obrigar a mulher a fazer o papel de homem".
A declaração pegou mal e, depois de ver o estrago, ele recuou. Em nova postagem, na quinta-feira (19), ele diz "errei feio num texto aqui no Instagram. E quero reconhecer o erro e pedir desculpas. Muitas mulheres se sentiram machucadas pelas minhas palavras, e eu estou profundamente chateado por ter magoado essas pessoas".
Repercussão
Na postagem da G4 que informa a troca de comando da empresa alguns comentários chamam a atenção, sobretudo porque foram feitos por mulheres.
Uma usuária tenta minimizar a misoginia de Gomes, que ela classifica como "opinião pessoal". "É sério isso? O cancelamento chegou a esse nível porque o cara falou de uma opinião pessoal? Gente, a que ponto chegamos. O mundo está virado mesmo", escreve.
Outros internautas avaliam que a troca de comando nada mais é do que uma jogada de marketing para limpar a imagem da empresa depois da fala lamentável do então CEO.
Há ainda os que apontam que a empresa usou a polêmica como justificativa para se livrar de uma dor de cabeça que já vem de tempo. Dizem que o peixe morre pela boca, os misóginos e exploradores, pelo visto, também padecem de uma morte simbólica quando falam o que pensam sem pensar nas consequências.
Capivara de bolsonarista
Quem conhece Tallis sabe que ele surpreendeu zero pessoas com a fala misógina. Antes de atacar mulheres em cargos de comando, ele já fez declarações que afrontam a legislação trabalhista brasileira.
Em um podcast admitiu que os funcionários da empresa que presidia até este sábado encaram jornadas de trabalho de até 80 horas por semana - regime de trabalho ilegal e imoral - e que não contrata 'esquerdistas'. A empresa foi denunciada por funcionários ao Ministério Público do Trabalho por assédio moral e jornada exaustiva.
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Durante a campanha para a Presidência da República, em outubro de 2022, ele publicou uma carta aberta para pedir votos para a reeleição do então presidente Jair Bolsonaro para que a necropolítica da agenda econômica ultraliberal de Paulo Guedes prosseguisse por mais quatro anos.
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