Uma professora teria sido conduzida coercitivamente para a Divisão Especial da Criança e do Adolescente (DECA), em Porto Alegre. O episódio gerou revolta na Escola Estadual Brasília, em Porto Alegre, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNTE), que relatou o caso, e afirma que a abordagem aconteceu durante o recreio e na frente de outros alunos, sendo motivada por uma acusação de “maus-tratos” contra uma aluna, filha de um policial militar da Patrulha Escolar.
Até então, a escola não havia sido informada formalmente sobre qualquer problema relacionado à professora ou à aluna em questão. Alvo de uma acusação arbitrária, a docente foi submetida a um constrangimento público e arbitrário, de acordo com o CNTE. A ausência de qualquer reclamação prévia e também “reprovável pelas regras da Administração Pública, envolta de uma pessoalidade condenável a qualquer agente público, deve ser rigorosamente investigada e punida”, diz a nota de repúdio do sindicato publicada no último dia 5.
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O diretor Nei e a orientadora pedagógica da escola, ao tentarem registrar uma queixa formal contra a conduta do pai da estudante, foram impedidos de realizar o procedimento de forma rápida. Após mais de três horas de espera, o diretor ainda se tornou alvo de uma nova ameaça, desta vez por parte da mãe da estudante. “Contra ele, registrou uma nova ocorrência”, disse o CNTE.
Em comunicação à Secretaria de Educação (Seduc), o diretor da escola destaca a ausência de flagrante de delito. Segundo ele, "a situação trouxe bastante agitação, instabilidade e apreensão ao ambiente escolar com os alunos perguntando por que a professora foi 'presa'".
Ainda de acordo com a nota do sindicato:
“O mais escandaloso de toda essa situação é que o pai da estudante usou da autoridade a ele investida por sua função pública para mobilizar o aparato que conduziu de forma irregular e ilegal a professora à delegacia e, lá chegando, depois de deixar a profissional sem explicação, no aguardo quase uma hora de espera, o delegado de plantão não quis ouvir a profissional. Certamente avaliou a precariedade da acusação. É urgente um posicionamento da Corregedoria da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul sobre a atitude desse policial. Cabe uma investigação e a sociedade brasileira espera uma punição rigorosa contra esse abuso. Toda solidariedade aos/às profissionais da educação que sofreram tamanho ataque em sua honra e em sua moral”
O Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS) também condenou a conduta da Brigada Militar, classificando-a como abusiva. Segundo a organização, a professora "foi conduzida de maneira coercitiva, frente aos estudantes, em razão de uma denúncia infundada e sem a devida apuração dos fatos".
“A presença de monitores militares, sem a devida formação pedagógica, abre margem para intimidações, ameaças e para uma prática educativa que não condiz com os princípios da educação democrática e inclusiva, como o ocorrido na escola Brasília”
O espaço da matéria está aberto para manifestações.