Um homem de 29 anos foi preso em flagrante pela Polícia Militar em Bom Jardim de Goiás (GO), quase na divisa com o estado de Mato Grosso, no momento em que ateava fogo numa área de mata dentro de uma propriedade rural. Na delegacia, Lucas Vieira de Lima disse que sua ação foi por “motivos políticos” e que recebera R$ 300 para incendiar a vegetação.
No boletim de ocorrência consta que o criminoso afirmou “que a motivação foi política, mas o interrogado não sabe detalhes sobre os fatos. Que o mandante do crime não disse o nome do proprietário da terra, afirmou apenas que era um desafeto político”. Ele teria sido denunciado enquanto cometia o crime, o que possibilitou a sua localização em flagrante.
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Ao ser abordado, num trecho da BR-158, entre os municípios de Piranhas (GO) e Belo Jardim (GO), o sujeito entregou um RG de um homem de 33 anos e contou aos agentes que ele seria o responsável por contratá-lo. O dono do documento já foi localizado e disse às autoridades que, de fato, conhece o autor do crime, pois ele trabalharia vendendo salgados num posto de combustíveis da região que atende um grande número de caminhoneiros, porém alegando que jamais deu qualquer ordem a Lucas, sem ter qualquer razão para isso.
Ainda na delegacia, o acusado detido disse que sofre de esquizofrenia e que faz tratamento psiquiátrico rígido e periódico. A juíza que realizou sua audiência de custódia confirmou o quadro médico, liberou Lucas, mas determinou que ele não se envolva em nenhum ato político daqui para frente e que compareça a cada 15 dias no Caps (Centro de Atenção Psicossocial).
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De acordo com as autoridades de Goiás, a área queimada por Lucas é de aproximadamente 700 hectares, algo em torno de 980 campos de futebol.
Ibama reafirma que incêndios são criminosos e PF entra no caso
Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), afirmou neste domingo (25) que praticamente todos os incêndios registrados em vários estados brasileiros, com centenas de focos, são criminosos. A autoridade ambiental federal explicou que são muito raros os casos de focos espontâneos, mesmo aqueles provocados por acidentes, e que tal volume de ocorrências, inclusive as registradas por todo o território paulista, são provocados propositalmente, até porque eles vêm acontecendo na mesma hora. A Polícia Federal foi acionada pelo órgão para investigar os eventos.
“Quase todo incêndio no Brasil é criminoso. Não temos incêndio espontâneo e são raros os casos de acidente, como um caminhão que pegou fogo, ou uma queda de um cabo de alta tensão. Em São Paulo, há uma desconfiança de que tudo foi organizado, pois os focos aconteceram praticamente no mesmo horário”, declarou o presidente do Ibama ao diário carioca O Globo.
Agostinho disse ainda que a baixa umidade do ar, naturalmente, colabora para que as chamas se alastrem e explicou que mesmo com o desmatamento em queda acentuada, muitas pessoas ateiam fogo em áreas já desmatadas para que elas assim permaneçam.
“De maneira geral, a situação climática não ajuda. A umidade está baixíssima. Embora o desmatamento tenha caído bastante, há um estoque de áreas desmatadas ao longo da última década e as pessoas ateiam fogo para mantê-las assim”, acrescentou.
Ministra Marina Silva fala em novo “dia do fogo”, como em 2019
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse a jornalistas neste domingo (25), em Brasília, que tudo indica que as centenas de focos de incêndio espalhados pelo Brasil, sobretudo no estado de São Paulo, não são ocorrências naturais, tampouco coincidências.
“Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência na nossa trajetória de tantos anos de abordagem do fogo... Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo”, afirmou a ministra do Meio Ambiente em entrevista coletiva, aludindo ao evento ocorrido há cinco anos.
Em relação aos fatos ocorridos em São Paulo, a ministra foi ainda mais categórica, uma vez que tal ocorrência seria impossível de acontecer naturalmente naquele território.
“Em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que, em poucos dias, você tenha tantas frentes de incêndio envolvendo concomitantemente vários municípios. Mas obviamente isso aí são as investigações que vão dizer”, completou Marina Silva.