VERGONHA

VÍDEO: PMs de São Paulo cantam música que celebra Massacre do Carandiru

Maior morticínio já cometido no Brasil por forças de segurança, ocorrido em 1992, e que deixou 111 vítimas fatais, é motivo de comemoração para nova geração de policiais

PMs de SP celebram Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992.Créditos: Redes sociais/Reprodução
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Um vídeo estarrecedor divulgado pelo portal Uol neste sábado (6) mostra jovens PMs de São Paulo cantando e celebrando o Massacre do Carandiru, numa espécie de confraternização, naquilo que seria algo como um “batismo” por entrarem num curso de formação de soldados do 1° Batalhão de Choque da PM paulista, a unidade também chamada de Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), a tropa de elite da corporação.

O referido episódio de violência policial, ocorrido em outubro de 1992, é o maior morticínio já registrado no Brasil pelas mãos de agentes de forças de segurança, que deixou 111 vítimas fatais. As unidades da PM da época, todas do Comando de Policiamento de Choque, saíram assassinando indiscriminadamente os detentos da unidade prisional localizada na Zona Norte da capital do estado. O caso teve repercussão mundial por décadas e foi citado até na Organização das Nações Unidas (ONU) tamanha brutalidade.

“Hoje eu te apresento o Primeiro Batalhão

Aquele que acalmou a Casa de Detenção

1992, logo pela manhã, o clima já era tenso

A caveira já estava sorrindo para os detentos

Lá só tinha lixo, a escória da moral

Bomba, facada tiro e granada

Corpos mutilados e cabeças arrancadas

O cenário é de guerra, tipo Vietnã

A minha continência ao coronel Ubiratã

Vibra, ladrão, a sua hora vai chegar”

Este é um trecho da música entoada pelos militares, que cita nominalmente o oficial responsável pelo massacre. O coronel Ubiratã Guimarães chegou a ser condenado a 632 anos de prisão por 102 das 111 mortes, mas recorreu diversas vezes, foi eleito deputado estadual e acabou impune. Ele foi assassinado dentro de casa, em 2006, com um tiro no tórax, num crime confuso, cuja principal suspeita, sua então namorado, foi inocentada num júri popular anos depois.

Diante do episódio lamentável e horrendo de celebração do maior ato de violência cometido pela PM de São Paulo na história, a Secretaria de Segurança Pública do estado afirmou em nota que “a conduta dos policiais que aparecem nas imagens não condiz com as práticas da instituição e medidas cabíveis serão tomadas”. O órgão confirmou que tais registros teriam sido feitos numa unidade de Choque e que o comando destas unidades instaurou uma investigação para apurar responsabilidades.

Veja o vídeo: