CÃO JOCA

Joca: laudo revela motivo da morte de labrador deixado em avião por companhia aérea

Em abril, cão acabou sendo enviado ao Ceará pela Gol, em vez de viajar para o Mato Grosso; na volta para Guarulhos, ele chegou morto

Causa da morte de Joca, que morreu em abril em voo da Gol, é revelado.Créditos: Reprodução
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Um laudo feito pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a pedido da Polícia Civil, concluiu que o cão Joca, Golden Retriever de 4 anos que morreu em um voo da Gol em abril, teve como causa da morte um choque cardiogênico. O laudo aponta que o erro no serviço de transporte de animais da companhia aérea foi determinante para o ocorrido.

Segundo o trecho do documento, o coração de Joca apresentou dificuldades em bombear o sangue para os órgãos, resultando em ineficiência circulatória e consequentemente, uma parada cardíaca durante o voo de Fortaleza (CE) a Guarulhos (SP). Um dia após a morte, o animal passou por exames necroscópicos em um laboratório particular em 23 de abril, seguido pela análise realizada pela USP em 16 de maio.

“No caso do animal examinado, observam-se alterações cardíacas relevantes, como hipertrofia ventricular esquerda excêntrica, moderada e doença mixomatosa valvar, as quais podem justificar o quadro relatado. Outros achados que corroboram para o entendimento desta causa mortis são o ingurgitamento de vasos sanguíneos em múltiplos órgãos”, afirma o laudo. 

O que é choque cardiogênico

De acordo com a análise microscópica da USP, “o choque cardiogênico é um distúrbio circulatório associado à redução de rendimento cardíaco, podendo ser causado por diversas condições patológicas cardíacas”. É caracterizado por uma queda de pressão que condiciona a falta de oxigênio no sangue.

Os sintomas imediatos do choque cardiogênico estão ligados à diminuição da circulação sanguínea para órgãos vitais como cérebro, coração e rins, resultando em alterações no estado mental, como sonolência, e comprometimento do próprio funcionamento cardíaco.

A condição, além de ocorrer em humanos, também pode acometer animais, como o Joca, por uma variedade de razões, como calor intenso, medo, excesso de dor, agitação, mal-estar, vômitos, diarreia, entre outros fatores. Segundo especialistas, o choque, independentemente de sua origem, é uma condição grave que demanda intervenção imediata. A identificação precoce e o tratamento adequado oferecem a possibilidade de reversão, dependendo da causa.

Relembre caso

O voo de João Fantazzini e Joca saía de Guarulhos com destino a Sinop (MT), mas o cão foi enviado a Fortaleza (CE). No retorno ao aeroporto paulista, onde os dois se reencontrariam, o animal chegou morto. No dia 23 de abril, o tutor quebrou o silêncio sobre o caso e falouà TV Globo como se sentiu. Ele explicou que tinha um atestado veterinário indicando que Joca aguentaria uma viagem de até três horas. No entanto, com a trapalhada da empresa aérea, o animal passou mais 8 horas viajando e não resistiu.

Fantazzini afirmou que saber que seu amigo canino morreu sob forte sofrimento é a pior parte da história. “Eu sempre vi as mensagens das pessoas sobre os cachorros morrerem nesta situação, mas eu nunca esperava isso, acho que o que mais me dói é saber que ele sofreu lá dentro, porque não é justo ele ter morrido daquele jeito”, disse. 

O dono do animal afirmou que ao desembarcar em Sinop, perguntou onde poderia buscar o cachorro, mas foi avisado que teria que voltar para SP, por conta do erro de traslado. Funcionários da Gol ofereceram água e lanches enquanto ele esperava o voo que o levaria ao reencontro com Joca. No meio tempo, a empresa também compartilhou vídeos com João Fantazzini do seu cachorro bebendo água pelas grades da gaiola em que viajava. 

Em contrapartida, ao chegar em São Paulo, revelou que funcionários da empresa o informaram que o cachorro passou mal no voo de volta, mas se esquivavam de dar maiores informações. “Não tem ninguém que aguente uma pista aérea com 36 graus de sol, e ele fechado na caixa Eles não tiraram o Joca da caixa. Voltou todo molhado. Ele saiu bem e voltou morto pra mim. Um descaso total lá dentro, porque ninguém falava comigo."

Segundo a Gol, o animal teve acompanhamento durante todo o trajeto, mas o falecimento foi inesperado, já em São Paulo, depois que ele retornou. Segundo atestado de óbito, o animal morreu por uma parada cardiorrespiratória, mas os motivos ainda não foram esclarecidos.

“Às vezes sinto que foi egoísmo meu, que eu poderia ter deixado ele aqui [em SP], mas sempre fomos eu e ele, sempre. Quando eu saía de casa, ele me esperava o dia inteiro na frente da porta. Era um filho pra mim. Sempre falei que ele foi minha melhor escolha e agora ele foi embora”, disse o homem. Homem e cão se mudariam para Sorriso, no Mato Grosso, e embarcaram para chegarem juntos a Sinop, de onde partiriam para a nova vida.

Veja abaixo íntegra da nota da Gol

"A GOL lamenta profundamente o ocorrido com o cão Joca e se solidariza com a dor do seu tutor. A Companhia informa que o cão Joca deveria ter seguido para Sinop (OPS), no voo 1480 do dia 22/04, a partir de Guarulhos (GRU), porém, por uma falha operacional o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza (FOR).

Assim que o tutor chegou em Sinop, foi notificado sobre o ocorrido e sua escolha foi voltar para Guarulhos (GRU) para reencontrar o Joca.

A equipe da GOLLOG na capital cearense desembarcou o Joca e se encarregou de cuidar dele até o embarque no voo 1527 de volta para Guarulhos (GRU). Neste período, foram enviados para o tutor registros do Joca sendo acomodado de volta na aeronave. Infelizmente, logo após o pouso do voo no aeroporto de Guarulhos (GRU), vindo de Fortaleza, fomos surpreendidos pelo falecimento do animal.

A Companhia está oferecendo todo o suporte necessário ao tutor e a apuração dos detalhes do ocorrido está sendo conduzida com prioridade total pelo nosso time. Nos solidarizamos com o sofrimento do tutor do Joca. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente a perda do seu animal de estimação."