Condenado à prisão por difamação e injúria, o empresário Luciano Hang, o véio da Havan, replicou a tática do "apito de cachorro" para incitar bolsonaristas a atacar o arquiteto Humberto Tadeu Hickel, que liderou um movimento contra a colocação da famosa "estátua da Liberdade" em frente à unidade da rede em Canela, no Rio Grande do Sul.
Hang foi condenado pela 1ª Câmara Especial Criminal do Tribunal de Justiça do Estado a 1 ano e 4 meses de reclusão, além de 4 meses de detenção, ambas em regime aberto. No entanto, as penas foram convertidas em prestação de serviços comunitários e pagamento de uma indenização de 35 salários mínimos para Hickel. Hang também foi multado com 20 dias-multa, cada dia avaliado em 10 salários mínimos, totalizando R$ 300 mil reais.
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O arquiteto conta, em entrevista ao jornal O Globo, que chegou a adoecer diante da avalanche de ataques pessoais que recebeu nas redes sociais após Hang gravar um vídeo em que o chama de "esquerdopata" e o manda "pra Cuba", ao melhor estilo de Jair Bolsonaro (PL).
"Depois do vídeo recebi centenas de xingamentos de pessoas que inundaram minhas redes sociais para me ofender, e inclusive ameaças. Tive que ficar de cama porque faço acompanhamento com cardiologista e afetou minha saúde. Além disso, tive que mudar meus hábitos e deixar de andar com meus netos pelas ruas de Canela, como costumava fazer, o que me entristeceu muito", disse.
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Hickel afirma ainda que a oposição à colocação da estátua na cidade turística se deu por uma questão técnica e urbanística.
"Nesse caso não houve um contraponto técnico ou urbanístico, apenas esse vídeo do Luciano Hang com a minha foto, expondo aos seguidores dele que eu seria um engodo, uma piada, que eu teria interesses escusos, que eu me embriagaria pela manhã em vez de tomar café, e fez declarações de que eu deveria ir para outro lugar, que eu não pertenceria à cidade onde resido, no fim chegou a fazer um trocadilho que todos entenderam envolvendo até minha mãe", relatou.
Hang afirmou que vai recorrer da decisão, se vitimizando em nota ao jornal.
"O Brasil é um país extremamente perigoso para um empreendedor. Na busca de gerar empregos e desenvolvimento, pode ser processado criminalmente por pessoas que se utilizam de ideologias ultrapassadas para impedir a construção de empreendimentos. É o que está acontecendo neste caso. Um absurdo. É inaceitável que debates políticos sejam punidos tirando o direito à liberdade de expressão", afirmou em nota.