SEGUE O JOGO?

PM que atirou em goleiro segue trabalhando em patrulhamento nas ruas de Goiás

Jornal local revelou a suposta identidade do policial, que além de procedimento interno se tornou alvo de investigação do MP

PM atira em goleiro durante jogo em Goiás.Créditos: Reprodução
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O policial militar que disparou um tiro de bala de borracha contra o goleiro Ramón Souza, do Grêmio Anápolis, durante partida com o Centro Oeste pela 12ª rodada da série B do Campeonato Goiano, na noite da última segunda-feira (10), foi afastado de eventos esportivos, mas segue trabalhando em patrulhamentos pelas ruas do estado. 

As informação foi dada pelo secretário estadual de Segurança Pública de Goiás, Renato Brum, ao jornal local O Popular. Segundo o periódico, Brum afirmou que vai "avaliar" se o agente deve ser suspenso de todas as suas atividades na polícia. 

O policial foi identificado pelo jornal como Edson de Souza Júnior, ele seria um sargento lotado na 31ª Companhia Independente de Polícia Militar. A corporação abriu um procedimento interno para apurar a conduta do agente. 

Além disso, o Ministério Público de Goiás abriu uma investigação contra o PM. “Estão sendo realizadas diligências investigatórias, tendo sido requisitadas informações sobre medidas adotadas pelo Comando de Correições e Disciplina da Polícia Militar de Goiás”, informou o órgão. 

Relembre o caso 

O jogo entre Grêmio Anápolis e Centro Oeste pela 12ª rodada da série B do Campeonato Goiano, na noite desta segunda-feira (10), foi encerrado de maneira chocante e inacreditável: um policial militar disparou um tiro de bala de borracha contra o goleiro Ramón Souza, do Grêmio Anápolis. 

Logo após o apito final, durante uma discussão entre os atletas em campo, agentes da Companhia de Policiamento Especializado (CPE) da PM interviram e, em determinado momento, um deles efetuou o disparo, que atingiu a perna de Ramón Souza. O jogador recebeu os primeiros-socorros dentro de uma ambulância com UTI móvel no estádio. 

Em nota, a Polícia Militar de Goiás informou que "foi determinada imediatamente a abertura de procedimento administrativo para apurar os fatos com o devido rigor" e que "reafirma o compromisso com o cumprimento da lei, e reitera que não compactua com qualquer desvio de conduta praticado por seus membros".

Já o Grêmio Anápolis emitiu uma nota de repúdio em que classifica o ocorrido como um "ato horrível, inacreditável e criminoso", anunciando que buscará a punição do responsável pelo disparo. 

"O dia 10 de julho fica marcado por um ato violento, sujo e horrível contra um de nossos jogadores, o que jamais será esquecido. O GEA informa que entrará com medidas cabíveis, para que o responsável seja punido e que a justiça seja feita, para que este ato CRIMINOSO, não fique impune", diz o comunicado. 

Veja vídeo do momento em que o PM dá o tiro no jogador: 

Governo Lula se manifesta 

O governo Lula se manifestou sobre o ocorrido através de nota de repúdio assinada pelo Ministério dos Esportes. 

"A ação desproporcional e violenta por parte da Polícia Militar, que culminou no disparo de uma bala de borracha contra o goleiro Ramón Souza, é inaceitável e deve ser veementemente repudiada. Este tipo de conduta vai contra os princípios básicos de segurança e integridade física que devem ser garantidos a todos os envolvidos no esporte", diz trecho do comunicado. 

Leia abaixo a íntegra: 

"É com grande consternação que o Ministério do Esporte tomou conhecimento dos lamentáveis acontecimentos ocorridos durante a partida de futebol entre Grêmio Anápolis e Centro Oeste, pela 12ª rodada da Divisão de Acesso do Campeonato Goiano. A ação desproporcional e violenta por parte da Polícia Militar, que culminou no disparo de uma bala de borracha contra o goleiro Ramón Souza, é inaceitável e deve ser veementemente repudiada. Este tipo de conduta vai contra os princípios básicos de segurança e integridade física que devem ser garantidos a todos os envolvidos no esporte.

Nos solidarizamos com o jogador, vítima desta ação desmedida, e com toda a equipe do Grêmio Anápolis, que presenciou e sofreu os impactos deste ato de violência. É inadmissível que profissionais do esporte, que dedicam suas vidas à prática e promoção do futebol, sejam expostos a situações de tamanha agressividade. Este episódio reforça a necessidade urgente de uma revisão nos procedimentos, garantindo que a atuação policial seja sempre pautada pelo respeito aos direitos humanos e pela proteção dos indivíduos.

Reiteramos nossa confiança na capacidade das autoridades competentes em conduzir uma investigação rigorosa e transparente, que leve à responsabilização dos envolvidos e à implementação de medidas que impeçam a repetição de tais fatos. É imperativo que se restabeleça a confiança na atuação policial, assegurando que episódios de violência não se tornem uma constante nos campos de futebol.

Por fim, destacamos nosso compromisso com a promoção de um ambiente seguro e justo para todos os profissionais e amantes do esporte. Continuaremos lutando por um futebol onde o respeito, a segurança e a integridade física e moral de todos sejam prioridades absolutas, reafirmando nossa posição contra qualquer forma de violência e abuso.

Ministério do Esporte".