Dois integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), a mais poderosa organização criminosa do Brasil, que opera em 24 países, e que seriam membros de uma espécie de “grupo de elite” da facção, foram mortos nesta segunda-feira (17) na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no Oeste Paulista. No entanto, o que mais chama a atenção no fato é que os dois detentos de alta periculosidade seriam os idealizadores do suposto plano de sequestro e assassinato do ex-juiz federal, e hoje senador, Sergio Moro (União Brasil-PR), que teria sido descoberto em março do ano passado pela Polícia Federal.
De acordo com informações da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do governo do estado de São Paulo, Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, teriam sido assassinados por outros três prisioneiros da unidade, considerada uma das mais rígidas do sistema carcerário paulistas, e onde estão grandes lideranças do PCC.
Com os cargos de “sintonia restrita” na organização criminosa, o setor onde Nefo e Rê operavam é o responsável pela execução de ações estratégicas, e seus integrantes se reportam diretamente para a cúpula do grupo. Eles teriam sido flagrados em escutas e investigações da PF arquitetando o sequestro e assassinato de Moro, assim como um atentado que visava executar o promotor paulista Lincoln Gakiya, o chefe do GAECO, o grupo de repressão do Ministério Público de São Paulo que, entre outras incumbências, investiga o Primeiro Comando da Capital.
Nefo e Rê também estariam, de acordo com o monitoramento de inteligência da PF, tentando descobrir os endereços do deputado federal Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado da República. Os planos teriam sido frustrados e os responsáveis todos presos na Operação Sequaz, deflagrada em março de 2023.
Segundo a SAP, os três detentos responsáveis pelas mortes de Nefo e Rê já teriam sido identificados e isolados, enquanto o duplo homicídio teria sido registrado numa delegacia de Presidente Venceslau. Eles responderam por esses crimes, ainda que já estejam detidos e tenham os cometido dentro da penitenciária.