Segundo números do Disque 100, serviço responsável pelo recebimento de denúncias de agressão contra idosos, houve um aumento de 14% de registros no primeiro semestre de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023, quando foram recebidas mais de 65 mil denúncias de violência. Agora, este número já ultrapassou 74 mil queixas.
Em relação ao ano anterior, 2023 já havia registrado um crescimento de 50 mil denúncias de violência, segundo análise de informações disponíveis no Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Os números chamam a atenção na semana que tem o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado anualmente em 15 de junho.
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Um episódio ilustrativo do cenário preocupante de aumento da violência aconteceu em Santos, no último sábado (8), quando um idoso de 77 anos faleceu após ser agredido com um golpe no tórax por um motorista, enquanto atravessava a rua com seu neto de 11 anos.
Um estudo publicado por Alessandra Camacho, da Escola de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Célia Caldas, da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), avaliou denúncias de violência contra idosos entre 2020 e 2023, destacando, entre outros dados, que as mulheres responderam por mais de 67% das denúncias notificadas.
Conscientização sobre a violência contra idosos
Em entrevista à Agência Brasil, Alessandra destacou que parte do aumento se deve a uma mudança de comportamento. "As pessoas estão tendo coragem de denunciar. Quanto mais se divulgarem essas informações, mais as pessoas vão denunciando. Essa análise nos faz vivenciar algumas suposições importantes: a violência já acontecia, mas agora as pessoas, cientes dessa situação, porque são diversos tipos de violência, estão buscando os meios de denúncias seja em delegacias, seja na própria Ouvidoria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A sociedade precisa se conscientizar, e creio que isso está acontecendo", pontua.
A pesquisadora aponta ainda que atualmente é mais fácil registrar essas situações, em função das novas tecnologias. "Muitas pessoas têm vergonha e relatam isso, mas, ao mesmo tempo, vislumbro com a possibilidade de ampliar essa divulgação, já que as pessoas estão tendo coragem de denunciar", explica.
De acordo com um painel, desenvolvido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro para acompanhamento do cenário da violência contra idosos no estado, os tipos principais de agressão relatados são negligência (4.895), violência psicológica (2.855) e abuso financeiro (2.385). O levantamento também mostra a prevalência de casos entre mulheres, que representam 70% das 13.927 vítimas.