Policiais civis da Depca (Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente) de Manaus (AM) prenderam na manhã de quinta-feira (13) um jovem de 21 anos, identificado como Victor Igor dos Santos, que é acusado de transmitir o vírus HIV, responsável por causar a Aids, propositalmente a crianças e pré-adolescentes que ele estuprava.
Victor estava sendo escondido na casa de um pastor evangélico, que não teve seu nome divulgado pelas autoridades, no bairro Nova Cidade, na Zona Norte da capital amazonense. O “religioso” também foi detido pelos agentes e responderá pelo crime de favorecimento pessoal, previsto no artigo 348 do Código Penal Brasileiro.
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De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, o acusado localizado na residência do pastor agia com um comparsa na prática dos crimes sexuais, que também seria soropositivo. Esse suposto “parceiro” de estupros, Rodrigo Wenderson Nunes dos Santos, de 31 anos, se entregou um dia antes à polícia, na quarta (11), embora tenha contado uma versão confusa para os fatos, reconhecendo apenas em parte os delitos cometidos.
“Não tem vítima nenhuma. Os vídeos são verídicos, mas peço desculpas as pessoas que se sentiram ofendidas. Nunca abusei de criança nenhuma, foi 'fake news' o que disseram que transmiti HIV para outras pessoas, sou soropositivo sim, não vou mentir, mas sei da minha índole e caráter”, afirmou Rodrigo na chegada à delegacia.
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Entenda a complexidade do caso
Em 2023, um funcionário de uma empresa que presta assistência técnica em celulares recebeu o aparelho de um dos acusados para realizar um reparo. Durante o acesso aos arquivos da memória do dispositivo, o técnico viu vídeos de pornografia infantil e também conversas de WhatsApp em que Rodrigo e Victor contavam em grupos e chats que estupravam crianças e pré-adolescentes para “carimbá-las”, ou seja, contaminá-las com o vírus HIV.
Num primeiro momento, a Polícia Civil teve dificuldade em localizar os dois suspeitos e conseguir mais provas, uma vez que tinha apenas os prints das conversas e dos arquivos de vídeo, e não o aparelho em si. Meses depois, a denúncia chegou à Polícia Federal, mas desta vez com mais dados e cópias de telas em que apareciam os diálogos e atos com as supostas vítimas, o que permitiu a localização dos acusados, que passaram a ser monitorados.
“Tudo indica que essas conversas, esses grupos, realmente são feitos a partir do aparelho celular. Então, essa operação foi bastante exitosa, inclusive no sentido de confirmar a autoria dos fatos. Eles de fato são os interlocutores dessas conversas”, disse a delegada Joyce Coelho, titular da Depca.
A policial comenta o teor assustador do que era falado nos grupos de pedófilos, como orientação sobre como abordar vítimas.
“Com o decorrer dessa investigação, poderemos identificar vítimas, uma vez que no teor dessas conversas, eles falavam a sua preferência por crianças, quanto mais nova, melhores, inclusive abordagens que poderiam ser feitas em locais públicos ou privados, inclusive em banheiros de shoppings”, explicou a delegada.