A Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgou no começo da noite deste sábado (4) um alerta de “inundação extrema” na Região Metropolitana de Porto Alegre. Com o aviso também publicou um mapa que mostra as áreas de risco e pediu que os moradores evacuem a região.
“Procure informações junto à Defesa Civil da sua cidade a respeito de abrigos públicos, rotas de fuga e não atravesse alagamentos a pé, ou mesmo de carro. Preste auxílio a pessoas vulneráveis, apoiando o deslocamento de idosos, pessoas doentes ou com dificuldades de mobilidade. Se não tiver condições de levar seus animais domésticos, deixe-os sem as guias em locais abertos”, diz o apelo do órgão.
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Ao observar o mapa chama atenção o tamanho da área urbana que está inundada. De Barra do Ribeiro a Montenegro e Taquara, e de Gravataí a Charqueadas, tudo que estiver a poucos quilômetros do leito dos rios corre o risco de alagar ou já está plenamente alagado.
Imagens aéreas e chocantes circulam nas redes sociais nessa noite e mostram a capital gaúcha praticamente desaparecida debaixo d’água. Num vídeo feito de um voo comercial, mãe e filha lamentam o que veem. A criança, que não entende direito a situação por uma questão de idade comenta com a mãe que está “tudo alagado”. A mulher, por sua vez, fala com a voz embargada ao testemunhar a tragédia.
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Imagens feitas por um helicóptero que sobrevoou a cidade horas atrás mostra a mesma cena de completa desolação. Publicado pela página Porto Alegre 24 Horas, já teve quase 100 mil visualizações. Nos comentários, um morador do número 615 da rua João da Cunha Alencastro pede para ser resgatado.
Avanço das águas na capital dos gaúchos
Na zona norte da cidade, região onde horas atrás o dique da Fiergs (próximo à Federação das Indústrias do Estado do RS) cedeu e obrigou a evacuação de partes dos bairros de Sarandi, Santa Rosa de Lima e Rubem Berta, agora registra as famílias da Vila dos Farrapos sendo levadas a abrigos após a evacuação do bairro.
Nas imagens é possível ver homens da Defesa Civil organizando uma fila quilométrica de moradores que entrarão em embarcações para serem levados aos abrigos e locais seguros. Crianças estão desesperadas e adultos sobem na embarcação já lotada, desesperados para deixar a área de risco.
Outro vídeo mostra as águas do Guaíba invadindo a Praça do Aeromóvel, que fica no centro da cidade, próximo à Usina do Gasômetro. Com exceção de uma pessoa que tenta atravessar o alagamento a pé, as imagens parecem ser de uma cidade fantasma.
Canoas, na Região Metropolitana
Em Canoas, na Região Metropolitana, a situação também é de calamidade pública, com as ruas inundadas e o trânsito de barcos e helicópteros que tentam resgatar atingidos. Imagens divulgadas nas redes mostram o desespero da população.
Nos comentários, moradores pedem socorro. Uma internauta pede que enviem resgate ao número 726 da rua Taquari, enquanto outra usuária pede um helicóptero ao número 699 da rua das Araucárias para resgatar uma idosa acamada.
Nesse sábado (4), o Hospital de Pronto Socorro da cidade precisou ser evacuado e os pacientes transferidos para o Hospital Nossa Senhora das Graças. Imagens da instituição de saúde completamente alagada foram divulgadas no X, antigo Twitter, pela jornalista Juliana Dal Piva.
“É completamente desesperadora a situação no RGS. O Brasil precisa parar pra se concentrar lá. Hospital Pronto Socorro de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre, hoje de manhã”, escreveu.
Em outro vídeo desesperador publicado nas redes sociais, moradores do Condomínio Primavera 2, no bairro Rio Branco, gritam por socorro devido a um vazamento de gás.
“Além de estarem ilhados e sem água e luz, agora têm um possível vazamento de gás para se preocupar. Eles pedem por ajuda urgente”, diz a publicação da Porto Alegre 24 horas
A mesma página também divulgou imagens do bairro Mathias Velho, também em Canoas. Nelas, moradores ocupam ruas escuras e alagadas. “Meu Deus, se está assim na entrada da Mathias, imagina pro fundo”, lamentou um internauta.
Na última sexta-feira (3) cerca de 50 mil pessoas de quatro bairros de Canoas já haviam sido evacuadas. Muitas foram levadas a abrigos, enquanto a maioria se dirigiu a casas de parentes e amigos que estão em áreas seguras.
Defesa Civil
Em boletim divulgado no final desta manhã, a Defesa Civil atualizou para 56 o número de mortos em decorrência das enchentes no Rio Grande do Sul. Há ainda 67 desaparecidos, 74 feridos, 32.962 pessoas fora de casa, sendo 8.296 pessoas em abrigos e 24.666 desalojadas.
Ao todo, 281 dos 496 municípios do estado registraram algum tipo de problema, afetando 377.497 mil pessoas.
Segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), "esses números podem mudar ainda substancialmente ao longo dos próximos dias, na medida em que a gente consiga acessar as localidades e consiga ter a identificação de outras vidas perdidas".
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informa que 188 trechos de rodovias enfrentam algum tipo de bloqueio em razão disso. Do total, cinco trechos de rodovias federais e 28 trechos de rodovias estaduais sofrem bloqueio parcial. Os demais trechos enfrentam bloqueios totais.
A Rio Grande Energia (RGE), concessionária de energia elétrica que atende parte do estado, divulgou que 296 mil clientes, a maioria deles em áreas alagadas, estão sem luz. As regiões mais afetadas são Vale do Taquari (92,1 mil), Metropolitana (88,4 mil), Vale do Rio Pardo, (43,8 mil), Vale do Sinos (34 mil), Serra Gaúcha (12,4 mil), Planalto (11,7 mil), e Central (9,3 mil).
A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que atende a outras regiões do estado, afirmou que há 54 mil clientes sem energia, principalmente nos municípios de Guaíba, Porto Alegre e Alvorada. Destes, 40 mil foram desligados por uma questão de segurança por solicitações da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e das prefeituras municipais.
Guaíba atinge maior nível de sua história, mas já começa a baixar
O Guaíba, em Porto Alegre (RS), atingiu 4,77 metros, em torno das 21h desta sexta-feira (3), chegando ao maior nível de sua história, segundo a Defesa Civil Municipal. A medição feita no gasômetro ultrapassou a cheia histórica de 1941, de acordo com o órgão.
O valor máximo chegou a alcançar 4,79 metros na madrugada de sábado (4), em medição feita pela prefeitura no Cais Mauá e passou para 4,82 por volta de 1h da madrugada. O nível atingiu 4,88 metros nos primeiros minutos do dia, na medição feita no Gasômetro.
Às 19h30 deste sábado (4) a Defesa Civil finalmente deu uma boa notícia: informou que o nível do Guaíba finalmente começou a baixar. Mas a diminuição, no entanto, ainda é pequena. Foram apenas dois centímetros. Neste noite, o nível Guaíba está em 5,17 metros, enquanto que a cota mínima que caracterizará uma inundação é de 3 metros. A medição é feita pelo Centro Integrado de Coordenação de Serviços da capital gaúcha.