RIO DE JANEIRO

Caso Marielle: Inspetor da Polícia Civil pesquisou pai da vereadora 1 mês antes do crime

De acordo com relatório complementar da Polícia Civil, o inspetor fez a busca no próprio sistema da corporação

Marielle Franco.Créditos: Divulgação
Escrito en BRASIL el

A Polícia Federal enviou um relatório complementar acerca do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes ao Supremo Tribunal. O documento revelou, entre outras novas informações, que o inspetor Renato Machado Ferreira, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, pesquisou o pai da vereadora no sistema interno da corporação em 21 de fevereiro de 2018, quase um mês antes das execuções.

Em depoimento à PF prestado em 9 de abril de 2018, logo após o crime, o inspetor Ferreira confirmou a pesquisa, mas disse que não se lembrava o motivo ou o nome da pessoa pesquisada. Ele falou à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que estava responsável pelas investigações, e após prestar o depoimento a corporação não deu sequência ao inquérito e o agente não foi indiciado.

Naquela época Ferreira trabalhava na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos em Pedra de Guaratiba e já era apontado como suspeito de ter ligações com milícias. O bairro em que trabalhava já estava no mapa da expansão imobiliária das milícias. A CPI que tratou o tema na Assembleia Legislativa (Alerj) entregou um relatório em 2008 que dizia que policiais da delegacia de Ferreira recebiam propinas dos grupos criminosos.

Nesse contexto, Marielle foi uma das principais opositoras do projeto que discutia questões de zoneamento em Pedra de Guaratiba. A lei era de interesse dos grupos que especulam na região, como os milicianos, e regularizaria uma série de terrenos apropriados pelos criminosos. Foi aprovada em 2017.

Para a Procuradoria-Geral da República, a atuação de Marielle contra os interesses milicianos teria sido o principal combustível para o planejamento da sua morte pelos criminosos. Os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, e Chiquinho Brazão, deputado federal, e o delegado Rivaldo Barbosa, que chefiava a Polícia Civil à época do crime, foram presos como mandantes.