INVESTIMENTO

Mercado Livre, que apoia Milei na Argentina, se reúne com Lula e anuncia 6,5 mil empregos no Brasil

"O país representa cerca de 52% da receita líquida total do negócio na América Latina”, declarou Fernando Yunes, representante da empresa

Lula com representantes do Mercado Livre nesta segunda (15).Créditos: Ricardo Stuckert / PR
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O Mercado Livre anunciou nesta segunda-feira (15) a criação de mais de 6,5 mil novos empregos no Brasil em reunião com o presidente Lula (PT). A iniciativa, somada a um investimento recorde de R$ 23 bilhões, representa o maior aporte da empresa em seus 25 anos de atuação no país. "O Brasil representa cerca de 52% da receita líquida total do negócio na América Latina, e estamos cada vez mais confiantes no potencial de desenvolvimento do país e de todos os envolvidos em nosso ecossistema", disse o representante da empresa, Fernando Yunes.

A transnacional anunciou a abertura de novos Centros de Distribuição (CDs) em três capitais brasileiras: Brasília, Recife e Porto Alegre. Iniciativa que faz parte do investimento recorde de R$ 23 bilhões da empresa no país e ampliaria a capacidade de armazenagem e distribuição. 

Estiveram presentes também na reunião o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, os ministros Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Luiz Marinho (Trabalho), além do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durrigan, do presidente do Sebrae, Décio Lima, e do vice-presidente sênior Jurídico e de Relações Governamentais do Mercado Livre, Jacobo Cohen.

Impulsionado pela expansão contínua do Mercado Pago, o Brasil pode ver um aumento de aproximadamente 24% no número de desenvolvedores em comparação com 2023. Estima-se que as novas admissões aumentem o total de funcionários diretos da empresa para quase 29 mil até o final de 2024. Os setores de tecnologia e logística serão os que mais contratarão novos profissionais. 

O plano anual de contratações prevê a admissão de 875 novos especialistas exclusivamente no setor de tecnologia, que deve finalizar o ano com um total de 4,5 mil profissionais. A logística terá mais de 5,2 mil novos colaboradores. "Com esse aporte, crescem os empregos, cresce a economia e cresce o poder de compra dos brasileiros", afirmou Lula.

Mercado Livre apoiou Milei e teria ajudado a elaborar o “decretaço”

Há apenas alguns meses atrás, advogados de transnacionais conhecidas, como o do Mercado Livre, Marcos Galperín, teriam participado da elaboração do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), conhecido como “decretaço” ou “plano Motoserra”, promulgado pelo governo do ultraliberalista Javier Milei. O "decretaço", que modificou ou revogou 366 leis no país, desvalorizou o peso diante do dólar, elimina subsídios para setores essenciais, cortou repasses a províncias e penaliza principalmente a população mais pobre.

Na época, a notícia de que Marcos Galperín estava envolvidos na elaboração do decreto foi divulgada por Nicolás Balinotti, editor de política do La Nacion, e detalhada pelo site La Política Online

De acordo com relatos da imprensa argentina, escritórios de advocacia de grande porte associados aos mega empresários Paolo Rocca, Eduardo Eurnekian, Eduardo Elsztain e Marcos Galperín teriam sido os autores do decreto que liberaliza a economia para o governo de Milei. Os escritórios em questão, Bomchil, Mairal e Bruchou & Funes de Rioja, teriam várias conexões com empresas que seriam diretamente favorecidas pelo decreto de Milei.

Se essa informação for verificada, o decreto seria considerado inválido, pois, de acordo com a imprensa argentina, as áreas jurídicas do governo, que são constitucionalmente competentes para redigir regulamentos, não teriam participado do processo. “Mentiram para você durante 80 anos e te disseram tosda a verdade em 10 minutos”, escreveu Galperín no X, antigo Twitter, em dezembro do ano passado.

Marcos Galperín é herdeiro da Sadesa, transnacional do setor pecuário e um dos principais grupos de curtumes do mundo, o empresário ficou conhecido por ser fundador e presidente do Mercado Livre. Em 2020, ele foi denunciado por fraude contra a administração pública, por receber informação privilegiada para vender letras do Tesouro Argentino. Dez dias depois, ele se afastou da presidência da empresa.