VIOLÊNCIA CONTRA ADVOGADOS

Advogada é assassinada horas depois de denunciar atentados contra colegas de profissão nas redes

Andreia da Silva Teixeira foi morta aos 44 anos, ao lado do companheiro e em frente de casa; “Quem será o próximo?”, indagou nas redes ao comentar o assassinato de Rodrigo Crespo

A advogada criminalista Andreia da Silva Teixeira.Créditos: Reprodução /Instagram
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A advogada criminalista Andreia da Silva Teixeira foi morta aos 44 anos na madrugada desta quarta-feira (28) em frente à sua casa, que fica dentro de condomínio em Parnamirim, na região metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte. Horas antes ela havia denunciado o assassinato de colegas de profissão nas redes sociais, especialmente lamentando o falecimento de Rodrigo Crespo – morto à tiros na segunda (26) em frente a sede da OAB no Rio de Janeiro. O final da publicação questionava: “Quem será o próximo?”

“Dias atrás, a Dra. Brenda foi vítima de homicídio na frente da delegacia. Hoje, o Dr. Rodrigo Crespo foi vítima de homicídio em frente a sede da OAB-RJ. A advocacia, mais uma vez, sendo atingida. Mais uma vez, está de luto. É lamentável e revoltante! Quem será o próximo? Minhas condolências aos familiares, amigos e colegas de profissão”, diz a mensagem que Andreia compartilhou horas antes de ser morta.

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O crime ocorreu pouco depois das 0h40 e foi gravado por câmeras de segurança. Além da advogada, seu companheiro também foi morto no atentado. Lenivaldo César de Castro tinha 52 anos.

De acordo com as imagens, os criminosos chegaram ao endereço de Andreia em um carro sedã de cor escura. É possível ver o autor dos disparos se aproximando enquanto a advogada retira objetos do porta-malas do seu carro. Ele disparou primeiro contra Lenivaldo e em seguida derrubou Andreia com um tiro a queima roupa. Um último disparo ainda é feito contra o homem antes que o criminoso volte ao seu veículo e vá embora.

Ao chegar ao local a Polícia Militar só encontrou os corpos das vítimas. O caso agora é investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Parnamirim. “Em momento oportuno, a Polícia Civil irá divulgar novidades sobre o caso, que está em sigilo”, diz nota da corporação.

A Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Norte (OAB-RN) publicou uma nota oficial em que lamenta a morte da advogada e adianta que as investigações preliminares não acreditam que o exercício da profissão tenha sido a motivação para o crime. Já os parentes, amigos e colegas da vítima deixaram uma bonita mensagem, homenageando-a, no próprio site da advogada.

“Neste instante de reflexão e saudade, prestamos homenagem a uma alma que tocou nossas vidas com sua luz inextinguível. Andreia Teixeira partiu, deixando-nos com corações pesados, mas também com uma gratidão imensurável por ter sido abençoados por sua presença. Seu sorriso irradiava calor, sua bondade acalmava as tempestades mais furiosas e sua alma compassiva tocava profundamente cada um que teve a sorte de conhecê-la. Ela não apenas caminhou neste mundo, mas deixou uma trilha de amor e compaixão que jamais se desvanecer. Andreia Teixeira, você viverá para sempre em nossos corações, como uma estrela guia que nos orienta nas noites escuras da saudade. Descanse em paz, querida amiga, seu amor perdurará par sempre”, diz o texto.

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Brenda e Rodrigo

A advogada Brenda dos Santos Oliveira, de 26 anos, e o seu cliente Janielson Nunes de Lima, de 25 anos, conhecido como Gordinho da Batata, tiveram o carro alvejado por tiros e foram mortos em Santo Antônio, no Rio Grande do Norte, logo que saíram da delegacia da cidade. O crime ocorreu na tarde de 30 de janeiro, uma terça-feira.

Gordinho da Batata, o cliente, era acusado de matar João Victor Bento da Costa, de apenas 19 anos, em vaquejada realizada na cidade no último domingo (28). Ele então foi detido na manhã de terça em município vizinho e levado para a delegacia de Santo Antônio, onde a advogada foi ao seu encontro.

Brenda, durante o atendimento, fez uma foto da reunião com o cliente e os policiais e a publicou como um stories no Instagram, marcando a localização da delegacia. “A sociedade e sua mania de condenar um indivíduo apenas com base no ‘disse me disse’”, escreveu a advogada na publicação.

Finalizado o atendimento e sem um mandado de prisão em flagrante para Gordinho da Batata, ela soltou o cliente e ambos foram para o carro. Mas ao se distanciarem apenas 600 metros da delegacia, foram alvos de tiros. Brenda ainda bateu seu carro em um ônibus que passava pelo local. Os dois morreram por conta dos disparos. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio Grande do Norte, lamentou a morte da profissional e propôs um luto oficial de três dias. A polícia local agora tenta descobrir quem foram os autores dos tiros.

Já Rodrigo Crespo foi executado a tiros em frente à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio de Janeiro na tarde da última segunda-feira (26). Ele tinha 42 anos e atuava na defesa de Willer Tomaz, amigo de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em uma disputa judicial sobre uma mansão em Angra dos Reis com o jogador da seleção brasileira Richarlison.

Segundo Guilherme Amado, no site Metrópoles, Crespo assumiu o lugar de Luis Felipe Salomão, filho do corregedor nacional de Justiça, que deixou o caso. Procurado pelo Metrópoles, Willer Tomaz disse inicialmente que Crespo não era advogado de sua empresa, a WT Administração de Imóveis e Bens. Deparado com um print que mostra o nome do advogado no processo, o amigo de Flávio Bolsonaro não respondeu.

Rodrigo Marinho Crespo foi assassinado em frente à OAB-RJ, quando deixou seu escritório para lanchar na região. Segundo testemunhas, uma pessoa se aproximou dele, chamou por seu nome e realizou os disparos. Inicialmente, dois. O criminoso estava encapuzado.

Em seguida, ainda de acordo com testemunhas, ele disparou pelo menos, outros oito tiros contra o advogado. Após a execução, o assassino entrou em um carro de cor branca e fugiu. Além da defesa do amigo de Flávio, Crespo atuou em ações de resgate de investimentos de criptomoedas. Em uma das ações, conseguiu bloqueio de contas de algumas pessoas envolvidas em esquemas de pirâmide.