CABEÇA DE PAPEL

Coronel usa método Bolsonaro, se fere e é internado após explodir apartamento em Campinas

Virgílio Parra Dias mentiu aos Bombeiros sobre as 111 armas, munições e granadas em seu apartamento, deixou o local tranquilamente e foi abrigado por um colega coronel. Ele cortou o pescoço com canivete e foi internado.

Coronel Virgílio Parra Dias, que guardava um arsenal no apartamento que explodiu em Campinas.Créditos: Facebook / Kaio Parra
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Doutrinado de Olavo de Carvalho e apoiador, um tanto decepcionado, de Jair Bolsonaro (PL), o coronel da reserva Virgílio Parra Dias provocou um ferimento e foi internado após a explosão de seu apartamento onde mantinha 111 armas, granadas e mais de 3 mil munições em Campinas, no interior paulista.

Parra Dias estava fora do apartamento quando houve a explosão. Ele voltou ao local e mentiu aos bombeiros ao ser indagado sobre o que havia no apartamento. 

"Acabou de estourar uma granada na cara do meu bombeiro lá. Se o senhor não falar o que tem lá...", disse o chefe da corporação, que teve que usar escudo antibala para entrar no local e resgatar moradores por rapel.

"Pode ser pólvora confinada em contêiner", mentiu o militar, antes de deixar o local sem ser importunado. Segundo a Polícia Militar, ele se abrigou na casa de outro coronel do Exército, enquanto era procurado para dar explicações.

Na madrugada desta terça-feira (27), Parra Dias foi encontrado por um colega em uma praça no Jardim Chapadão, também em Campinas. Ele teria provocado um ferimento no pescoço usando um canivete.

Ele foi levado ao Pronto Socorro do Hospital Santa Tereza e, em seguida, internado no Hospital Municipal Doutor Mário Gatti.

Segundo o boletim de ocorrência, o militar foi encontrado pelo colega sentado em um banco com um corte no pescoço provocado por ele mesmo e muito sangue. O hospital informou que ele está inconsciente, mas que o estado de saúde é estável. Não há previsão de alta.

"Currículo"

Bolsonarista, olavista e ex-diretor-controlador do Circulo Militar de São Paulo. Essa é apenas parte do "currículo" do coronel da reserva Virgílio Parra Dias, que guardava 111 armas de fogo, além de mais de três mil munições e granadas no apartamento onde morava, em Campinas.

O fogo começou no sábado (24) à noite, quando um dos artefatos explodiu, gerando explosões em série. Como o apartamento fica localizado no primeiro andar, os bombeiros tiveram que retirar diversas pessoas que moram em andares acima por rapel.

Ao menos 34 pessoas que inalaram fumaça precisaram de atendimento médico e foram encaminhadas para o Hospital Casa de Saúde e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José — nenhuma em estado grave.

Nascido em 21 de abril de 1954, o coronel Parra Dias entrou para a Academia Militar das Agulhas Negras, a Aman, em 1977, quando Jair Bolsonaro (PL) se formou.

Nas redes, o militar se mostra apoiador de Bolsonaro e seguidor das teorias do guru Olavo de Carvalho.

Na última publicação política, em 6 de abril de 2023, Parra Dias, no entanto, se mostra inconformado com a traição dos generais que não aderiram ao golpe ao compartilhar um vídeo de Olavo de Carvalho.

Na carreira militar, Parra Dias chegou ao posto de Comandante da 2ª Divisão de Exército, sediada em São Paulo, e atuou como diretor do Circulo Militar, clube dos reservistas da força.

Na reserva desde 2010, com a patente de general de brigada, Coronel Parra Dias recebe um salário mensal bruto de R$ 29,4 mil.