O Ministério Público de Goiás ofereceu denúncia contra o delegado Kleyton Manoel Dias, acusado de estuprar e depois despejar na rua uma modelo e miss trans de 23 anos no último dia 5 de janeiro, em Goiânia. Ele teria oferecido carona à vítima após uma festa e então cometido os crimes.
Logo que foi denunciado pela jovem, o delegado publicou uma nota em que dizia estar “muito abalado” com o episódio e prometeu que provaria sua inocência. A TV Anhanguera, afiliada local da Globo, foi quem obteve a denúncia do MP e a defesa do delegado ainda não se pronunciou publicamente.
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De acordo com o MP, Kleyton teria constrangido “mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal” com a vítima. A “relação” teria sido tão violenta que levou a moça ao desmaio dentro do carro e ela então ficou desacordada durante o trajeto entre o local do estupro e uma rua próxima de sua casa, onde foi despejada nua, sangrando e segurando seus pertences.
Segundo apuração do g1, um exame pericial confirmou que a jovem passou por uma “relação sexual violenta” com o delegado. Ela chegou a se pronunciar publicamente dias após denunciar o crime e o site supracitado deu seu nome completo e expôs uma foto sua.
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“A partir do momento que eu não tenho interesse, que eu me nego a me deitar com homem, e ele força, eu acredito que seja estupro. Ninguém tem uma relação sexual e joga a outra pessoa no porta-malas do carro ensanguentada”, declarou a vítima na ocasião.
O Ministério Público pede ao juiz do caso que imponha uma indenização de 500 salários mínimos, ou R$ 70 mil, para a vítima. O objetivo é que o valor a ajude com os custos do atendimento psicológico de que necessita.
Os procuradores também pedem que a Justiça suspenda o delegado da sua função. Então titular da 8ª Delegacia de Goiânia, após a denúncia da vítima ele foi transferido para o 2º Distrito Policial, que fica ao lado da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), justamente aquela que o investiga. A Polícia Civil justificou, em nota, que não via problemas na transferência pois a delegacias funcionariam em prédios independentes.
Segundo o Código Penal, estupro mediante violência ou ameaça prevê penas que variam de 6 a 10 anos de prisão. Mas além do crime contra a mulher, ele também responderá por ter dirigido bêbado naquela noite. Nesse segundo caso a pena varia entre 6 meses e 3 anos de prisão, além de multa e sanções à habilitação para dirigir.
Relembre o caso
O delegado Kleyton Manoel Dias, então titular da 8ª Delegacia de Goiânia (Goiás), é o principal suspeito de haver estuprado uma mulher apontada como sendo miss trans local. Ao sair de uma festa, ele teria oferecido carona para a moça. Horas depois, câmeras de segurança flagraram o momento em que ela era despejada nua, de dentro de um carro, nas ruas da capital goiana.
De acordo com depoimento da vítima, o abuso sexual ocorreu na madrugada de sexta-feira, 5 de janeiro, após a festa de um jornalista que fechara uma badalada boate da cidade. Kleyton teria oferecido a carona para vítima e para uma outra mulher.
Após deixar a outra passageira em casa, a sorte da vítima começaria a mudar. Em dado momento da viagem, ele teria parado o carro e a levado à força até o porta-malas, onde consumou o abuso sexual. Em seguida, a despejou do carro.
Câmeras de segurança da rua flagraram o momento que as portas do carro se abrem, diante da casa da vítima, e ela é largada ali mesmo. Ricardo Amaral, amigo da moça que com ela divide o imóvel, declarou à TV Anhanguera (afiliada da Globo), que a mulher chegou em casa aparentemente dopada e cheia de feridas. Ele então chamou uma ambulância e ela foi levada ao hospital, onde foi atendida.
“Estava muito dopada. Chegou na porta de casa completamente nua, com alguns pertences, que eram um sapato e um vestido”, contou o amigo.
Horas depois, quando ligou para o jornalista dono da festa, a vítima teria sido aconselhada a não fazer a denúncia, dada a influência do delegado. Mas acabou convencida do contrário pelo amigo com quem divide a moradia.
“As ameaças foram para ela. Ele falou pra ela: ‘olha, vamos resolver isso tudo numa boa, se você for na polícia não vai ser numa boa’”, relatou.