O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, participaram nesta sexta-feira (13) de uma cerimônia na Academia Militar de Barro Branco pela formatura de uma nova turma de oficiais da Polícia Militar paulista. O evento ocorreu em meio à onda de indignação que tomou o país após sucessivos casos de assassinato e agressão terem sido cometidos por PMs, em linha com a política de incentivo à violência policial implantada na gestão do bolsonarista, que completa dois anos no cargo.
Os dois não se colocaram frente a frente com os jornalistas, um sinal claro de que evitavam todo o tempo responder perguntas sobre as ações de horror de seus subordinados, mas no palanque montado no quartel ambos discursaram.
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A fala de Derrite, um oficial da PM que está na reserva após conquistar nas urnas mandatos políticos, e que foi removido da Rota por ser excessivamente violento, foi a mais estarrecedora. Usando de um cinismo explícito, o secretário que incentiva os policiais a matarem falou que “parte da sociedade” e que “algumas instituições”, notoriamente aludindo à imprensa, estariam contra o morticínio praticado por suas tropas porque estaria ocorrendo um “êxito do bem contra o mal”.
“Estamos num momento delicado. Infelizmente, uma parcela pequena da sociedade e algumas instituições se incomodam com o êxito do bem contra o mal e se esforçam para atrapalhar o combate ao crime”, disse Derrite, como se tivesse alguma razão em casos que envolvem claras ilegalidades em agressões e assassinatos.
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Na sequência, possivelmente notando que suas palavras cairiam como uma bomba na opinião pública, o chefe da pasta da Segurança Pública tentou amenizar o tom ao pedir ações “dentro da legalidade”, algo totalmente inverso ao que se tem visto até agora.
“Por isso, deixo uma mensagem clara: os senhores estão sendo formados para liderar a nossa tropa operacional. Essa liderança deve ser pautada, acima de tudo, pela legalidade. Os integrantes das forças policiais são os únicos e verdadeiros promotores dos direitos humanos e cabe a nós, em posição de liderança, impedir que desvios de conduta venham macular o bom trabalho e a imagem da Polícia Militar”, completou.
Já o governador, mesmo aos cochichos e sorrisos com o subordinado, procurou adotar um tom mais pragmático e legalista em seu discurso, em linha com a postura de admitir “erros e equívocos” que já vinha empreendendo após os casos de mortes e agressões.
“Há procedimento para tudo e a gente não pode se afastar deles, daquilo que é ensinado. A responsabilidade é grande. Vocês têm que estar próximos dos subordinados, mostrar o caminho do tratamento humano com a sociedade e duro e rigoroso com o crime”, disse Tarcísio.