A Polícia Federal interrogou na tarde de quinta-feira (7), o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, como parte da investigação dos atos ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Em seu perfil no Instagram, o sacerdote, da diocese de Osasco, divulgou uma nota, assinada por seu advogado Miguel da Costa Carvalho Vidigal, onde criticou o processo investigativo.
Segundo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o padre José Eduardo estaria envolvido no "núcleo jurídico" do esquema que tentou manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no cargo. Este grupo teria a função de fornecer assessoria jurídica e criar justificativas legais para a permanência de Bolsonaro no poder.
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“Como apontado pela autoridade policial, ‘José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas’”, diz a decisão de Moraes.
Entretanto, o advogado do padre negou qualquer envolvimento de seu cliente em atividades que visassem uma ruptura institucional no país. "O padre nunca participou de qualquer reunião ou colaborou na redação de documentos com essa finalidade", afirmou Vidigal. Em suas redes, o padre deixou um clamor: “rezem por mim”.
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A defesa do padre criticou a condução da investigação pela Polícia Federal, especialmente a extração de conversas entre o pároco e seus fiéis, feitas no contexto de orientação espiritual. "Embora o depoimento tenha ocorrido de forma respeitosa, causou espanto que a PF tenha vasculhado conversas protegidas pelo Sigilo Sacerdotal, sem encontrar evidências que ligassem o padre aos fatos investigados", declarou.
O advogado também afirmou que a Polícia Federal negou a entrega de uma cópia do depoimento, o que ele considera uma violação dos direitos de defesa. Ele classificou a convocação para depor como "a continuação dos equívocos perpetrados na investigação em curso no STF".
De acordo com Vidigal, o padre José Eduardo nunca teve atitudes que visassem a quebra da ordem democrática e nunca participou de reuniões com tal objetivo. "A ideia de que ele seria um ‘doutrinador de um esquema jurídico’ é uma ficção que deverá resultar na total improcedência da acusação", afirmou.
Relatos do inquérito indicam que, em 19 de novembro de 2022, o padre esteve em uma reunião no Palácio do Planalto com Filipe Martins e Amauri Feres Saad para discutir um suposto plano de golpe. Martins, ex-assessor de Bolsonaro, foi preso no Paraná, enquanto Saad é apontado como autor da "minuta golpista".
Vidigal enfatizou que a liberdade religiosa é garantida pela Constituição e por tratados internacionais, criticando as acusações contra o padre como uma violação dessa liberdade.