Uma fraude que transcorreu por 33 anos ininterruptos, e que acabou em 2022, agora tem o seu capítulo final. Ana Lúcia Zarate, moradora do Mato Grosso do Sul, registrou-se falsamente como filha do seu tio-avô, Vicente Zarate, no ano de 1986. De posse da documentação forjada, ela deu entrada, em 1988, quando ele morreu, no pedido de pensão do então segundo-sargento que serviu na Força Expedicionária Brasileira, na 2ª Guerra Mundial. Ela, a bem da verdade, se chama Ana Lúcia Umbrelina Galache de Souza, esta sim sua real identidade.
De 1988 a 2022 a mulher recebeu a tal aposentaria militar. Somado e reajustado, o valor total hoje é de R$ 3,7 milhões e ela terá que devolver, já que o Superior Tribunal Militar (STM) negou seu recurso pedindo a suspensão da devolução das pensões já pagas. Quem a defendeu no processo foi a Defensoria Pública da União (DPU), que pediu a absolvição da falsa filha do ex-combatente argumentando ocorrer “ausência de intenção”, já que os documentos falsos usados para fraudar a pensão foram obtidos quando ela ainda era menor de idade.
A avó de Ana Lúcia, identificada como Conceição Galache, foi quem denunciou o esquema, assumindo que inclusive fez parte da fraude e se beneficiava dos pagamentos, ficando com metade dos valores. Ela contou tudo à Polícia Civil do Mato Grosso do Sul e à Administração Militar no final de 2021 e morreu logo depois, em maio do ano seguinte. Sequer foi possível ouvi-la no processo.