Simone Nascimento, candidata à Câmara Municipal de São Paulo pelo PSOL, anunciou que registrará um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) devido a ataques de racismo religioso que recebeu nas redes sociais. Além disso, a candidata notificará a Meta, empresa proprietária do Facebook e Instagram, solicitando a remoção dos perfis responsáveis pelos ataques.
Membra ativo do Movimento Negro Unificado (MNU) e umbandista, Simone, uma mulher negra, e sua equipe identificaram uma série de comentários ofensivos dirigidos à comunidade negra e às religiões afro-brasileiras, como a frase "carinha de macumbeira", publicada por um internauta.
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Simone Nascimento, candidata do PSOL, tem sido alvo de uma série de ofensas pejorativas, incluindo insultos como “traficante”, “vagabunda” e “safada”, além de ser chamada de "faxineira". Em suas redes sociais, especialmente no Instagram, a candidata também se deparou com mensagens ameaçadoras que sugeriam violência sexual. Apesar de a violência política de gênero ser tipificada como crime no Brasil desde 2021, a agressão verbal contra a vereadora persiste.
“Li comentários de ódio que lembravam o assassinato de Marielle Franco, com insinuações de que o mesmo poderia acontecer comigo. Algumas pessoas não aceitam a presença de mulheres negras na política, mas o racismo é crime no Brasil e a violência política precisa ser combatida. As pessoas negras representam uma minoria no parlamento e enfrentam inúmeras barreiras na disputa eleitoral, entre elas, o ódio”, ressaltou Simone.
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O racismo religioso é um conjunto de práticas e ideias violentas que discriminam e odeiam determinadas religiões, seus adeptos, culturas, tradições e territórios sagrados. A intolerância religiosa é um crime e está prevista no Código Penal Brasileiro, no artigo 208, que considera crime: escarnecer de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso ou vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso.
A violência política de gênero também reflete no ambiente físico. Na madrugada desta sexta-feira (4), por exemplo, a vereadora Tainá de Paula (PT), do Rio de Janeiro, foi alvo de um atentado a tiros em Vila Isabel, bairro na Zona Norte da capital fluminense. Ela estava retornando de um compromisso na Zona Oeste e pararia em Vila Isabel para a última agenda. No deslocamento, dois homens armados se aproximaram do carro da vereadora e sua equipe e abriram fogo com pistolas contra o veículo.
Há apenas um dia atrás a Fórum trouxe uma pesquisa que mostra o aumento da escalada da violência política de gênero nas eleições de 2024 contra mulheres candidatas no interior do país, além das capitais. O Sudeste concentrou a maior parte dos comentários ofensivos (48,3%), seguido por Nordeste (28,94%), Sul (20,07%) e Centro-Oeste (2,69%). Enquanto os homens receberam 417 insultos e 105 ataques, mulheres já foram alvo de 733 insultos e 462 ataques, 673 insultos e ataques a mais em comparação aos homens em cidades do Brasil.