VIOLÊNCIA POLICIAL

Jovem negro é morto após PM "confundir" celular com arma em Aracaju

Ithalo dos Santos Nascimento saía de loja de conveniência quando foi abordado; deixou esposa e filho

Ithalo dos Santos Nascimento tinha 25 anos.Créditos: Arquivo Pessoal
Escrito en BRASIL el

Ithalo dos Santos Nascimento, de 25 anos, foi morto a tiros por um policial militar após ter seu celular "confundido" com uma arma. O caso aconteceu nesta segunda-feira (28), em Aracaju, capital de Sergipe, enquanto o jovem saía de uma loja de conveniência. 

A Polícia Civil abriu uma apuração para analisar a conduta do PM. Ithalo, que trabalhava como garçom, havia ido à loja, localizada em um posto de combustível, fazer compras. Ele foi abordado por  policiais do Grupamento Especial Tático de Motos (Getam) ao sair da loja por ter um "comportamento suspeito".

No Registro de Ocorrência Policial (ROP), os policiais, que estavam abastecendo suas motocicletas, declararam que o comportamento de Ithalo "aumentou as suspeitas" porque o jovem vestia "roupas volumosas" e os encarava de "forma incisiva". Eles acrescentaram que, ao ser abordado, Ithalo teria simulado sacar uma arma ao colocar a mão na cintura, o que motivou os disparos contra o jovem, que foi acertado na cabeça e morreu no local.

A perícia do Instituto de Criminalística, porém, constatou que Ithalo tinha apenas o celular e uns pedaços de plástico consigo. O jovem deixa esposa e um filho. Seu padrasto, José Santana Neto, negou as acusações de que o jovem pudesse representar uma ameaça. “Meu filho não era vagabundo, meu filho não andava armado”, disse. 

A Secretaria de Segurança Pública divulgou uma nota em que lamentou o ocorrido e afirmou que determinou uma investigação imediata, que será conduzida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O bar onde Ithalo trabalhava se manifestou sobre a morte do jovem, afirmando que sua partido deixará "um vazio difícil de preencher".

Polícia de Sergipe é a terceira mais violenta do Brasil

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados neste ano, as polícias de Sergipe matam três vezes mais que a média nacional, deixando o estado em terceiro lugar no ranking de letalidade policial, atrás somente da Bahia e do Amapá.

No ano passado, foram 229 pessoas alvejadas e mortas por armas de fogo em ações dos agentes públicos do estado. O número representa aumento de 30% em relação a 2022, quando policiais civis ou militares mataram 176 pessoas em supostos "confrontos".

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