A infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior organização criminosa do Brasil, e que atua em pelo menos outros 24 países, num esquema de prestação de serviços e realização de obras para a Prefeitura de São Paulo, na gestão do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que é candidato à reeleição, está sendo investigada pela Polícia Federal.
A informação foi repassada à PF após uma denúncia, com robustos indícios, ter sido encaminhada para o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em maio deste ano. Segundo o informe, com a saída de cena de várias grandes empreiteiras que tiveram problemas com as autoridades por conta da Operação Lava Jato, o ‘salve’ da facção foi no sentido de orientar algumas lideranças a constituírem empresas para disputar licitações e conseguir contratos com a administração da maior metrópole do hemisfério sul da Terra.
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Na denúncia, até o líder máximo do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, é mencionado. Ele seria o principal organizador e articulador do esquema para enraizar a organização criminosa na prefeitura paulistana. A notícia de que um ex-cunhado de Marcola, Eduardo Olivatto, é o chefe de gabinete da Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), já era conhecida há alguns meses, tendo em vista que foi objeto de matérias jornalísticas.
O candidato Guilherme Boulos (PSOL), que enfrenta Nunes no segundo turno das eleições municipais deste ano em São Paulo, já vinham denunciando o esquema há algum tempo e chegou a inquirir o prefeito inúmeras vezes sobre o tema em debates televisivos, que desconversava sobre a acusação.
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Prefeitura reage e nega qualquer irregularidade
Em contato com a reportagem da Fórum, a Prefeitura de São Paulo negou qualquer irregularidade na contratação de empresas prestadoras de serviço, afirmando que o que existe são apenas ilações que tentam estabelecer uma relação da gestão de Nunes com o PCC, inclusive apontando estranhamento nas informações levantadas recentemente sobre o tema, a poucos dias do segundo turno das eleições, já que tais investigações da Polícia Federal deveriam estar protegidas por sigilo.
Leia a íntegra da nota encaminha à Fórum:
A Prefeitura de São Paulo informa desconhecer as informações levantadas pela reportagem. A Procuradoria Geral do Município não recebeu qualquer notificação a respeito.
A Prefeitura estranha que eventuais documentos da Polícia Federal, protegidos por sigilo, cheguem à imprensa às vésperas da eleição do segundo turno, levantando ilações infundadas e sem qualquer comprovação de relacionamento com o crime organizado. A administração ressalta ainda que as contratações de obras emergenciais seguem todos os ritos legais vigentes, atendendo integralmente os requisitos técnicos exigidos.
As contas da Prefeitura estão aprovadas pelo Tribunal de Contas do Município desde 2021, assim como 2021 e 2022 pela Câmara Municipal, com registro de votos de louvor. Os orçamentos de obras são baseados na tabela pública de custos da SIURB, utilizada amplamente pelo mercado e atualizada semestralmente pela FIPE.