O Datafolha divulga, nesta quinta-feira (17), nova pesquisa de intenções de voto sobre o segundo turno da eleição à prefeitura de São Paulo, que é disputado entre o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
O novo estudo deve medir os efeitos do apagão na capital paulista que já dura 6 dias e também do debate da Band, realizado na última segunda-feira (14). Boulos foi considerado o vencedor do confronto ao acuar Nunes e desconcertar o prefeito com menções a denúncias de corrupção.
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A sondagem vem uma semana após o Datafolha divulgar pesquisa em que foi utilizada uma ponderação que favoreceu Ricardo Nunes. No levantamento, não foram informadas alterações realizadas fora do registro no TSE.
Entenda
A pesquisa Datafolha sobre as eleições paulistanas divulgada no último dia 10 de outubro destacou a vantagem do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno, além de apontar uma alta rejeição do candidato Guilherme Boulos (PSOL), mas não foi transparente quanto às alterações aplicadas nos resultados originais da pesquisa, que resultaram em números mais positivos para Nunes do que os coletados na pesquisa de campo.
É comum que os institutos de pesquisa utilizem ponderações para calibrar suas amostras. O método empregado nas pesquisas eleitorais para amostragem considera as proporções reais da população nos principais segmentos demográficos – gênero, idade e escolaridade, por exemplo – para retratar da forma mais próxima possível a totalidade dos eleitores da região pesquisada. Quando a amostra se distancia desses valores de referência, os dados podem ser ponderados para forçar essa aproximação.
A pesquisa Datafolha registrada no TSE previa este tipo de ponderação, mas apenas para as informações de gênero, idade e escolaridade. No entanto, para quem teve acesso aos dados brutos do instituto, os resultados divulgados variaram além do esperado se fossem apenas essas as ponderações, o que levantou dúvidas sobre os ajustes realizados pelo Datafolha nos resultados da pesquisa.
A intenção espontânea de voto para o segundo turno, por exemplo, apresentava uma diferença de 2 pontos percentuais entre Nunes e Boulos. Mas, após a ponderação, essa diferença aumentou para 12 pontos.
O resultado sobre a rejeição aos candidatos, que foi amplamente discutido na mídia e por quem acompanha a eleição, também foi alterado em relação aos valores originais, tornando-se mais positivo para Nunes, com 3,8 pontos percentuais acima para certeza de voto, e 4,7 p.p. abaixo para rejeição, enquanto para Boulos o valor é reduzido para certeza de voto em 6,7 p.p. e aumentado em 6,5 p.p. para a rejeição.
Tais mudanças nos resultados de intenção de voto não são compatíveis com a ponderação divulgada pelo Datafolha, que alterou os dados demográficos em valores que não chegaram a 2 pontos percentuais.
Coligação quer impugnação da pesquisa
A direção da Coligação Amor Por São Paulo, composta pela Federação PSOL-REDE (PSOL, REDE), Federação Brasil da Esperança (PT/ PCDOB/PV) e PDT, entrou com uma ação na Justiça Eleitoral para impugnar a pesquisa divulgada pelo Datafolha divulgada no último dia 10 de outubro.
Segundo a campanha de Guilherme Boulos, "foi realizada ponderação por critérios não previstos em lei e não constantes da metodologia informada ao Tribunal Superior Eleitoral", o que na prática significa que o instituto "ao realizar a pesquisa após o primeiro turno das eleições municipais de 2024, ponderou os dados da intenção de voto no segundo turno com base nos resultados do primeiro turno".