Conhecido por suas ações em prol da população em situação de rua de São Paulo, Júlio Lancellotti é pároco da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca (SP). Com 75 anos, padre Júlio tem uma trajetória de vida dedicada à garantia dos direitos humanos dessa população.
Por mais de três décadas, ele realiza ações em que oferece não só refeições e kits de higiene, mas também atenção, carinho e afeto às pessoas em situação de vulnerabilidade social. Hoje, Júlio Lancellotti coordena a Pastoral do Povo da Rua, da Arquidiocese de São Paulo.
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Além disso, padre Júlio também participa Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo, que atua pela promoção e defesa da criança e do adolescente, desrespeitados em seus direitos humanos. Em 1991 fundou a Casa Vida I e a Casa Vida II, para acolher crianças portadoras do vírus HIV.
Em março de 2023, ele também se juntou ao Fundo Fica, associação que promove acesso à habitação para famílias de baixa renda, para criar o projeto Morar Primeiro com o objetivo de abrigar famílias em situação de rua em São Paulo.
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Devido a sua atitude em relação à população de rua, padre Júlio é reconhecido nacional e internacionalmente, tendo ganhado diversos prêmios de Direitos Humanos, além de ser reconhecido como Doutor Honoris Causa pela Universidade São Judas Tadeu, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Padre Júlio também já foi chamado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para falar sobre direitos humanos e inspirou a criação de uma lei, batizada com o nome dele, que proíbe a construção de arquitetura hostil em espaços públicos.
CPI contra Padre Júlio Lancellotti
No entanto, para a extrema direita brasileira, as ações de padre Júlio para oferecer dignidade à população vulnerável incomodaram. Nesta semana, vereadores da Câmara Municipal de São Paulo votaram pela instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra Júlio Lancelotti. Rubinho Nunes (União), autor da proposta, afirmou que a CPI tem como objetivo investigar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia.
Segundo ele, essas ONGs usam dinheiro público para promover uma “máfia da miséria”, que “explora os dependentes químicos do centro da capital”. Rubinho também chamou o pároco de “cafetão”, acusando-o de manter um mercado de “roubos e de prostituição”.
O texto da CPI afirma que ela tem “a finalidade de investigar as ONGs que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia”.
Em resposta, padre Júlio afirmou que não pertence “a nenhuma organização da sociedade civil ou organização não governamental que utilize convênio com o poder público municipal”.
A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo que, por sua vez, não se encontra vinculada, de nenhuma forma, às atividades que constituem o requerimento aprovado para criação da CPI em questão.
Prêmios de Padre Júlio Lancellotti
- Prêmio Franz de Castro Holzwarth, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (2000);
- Prêmio OPAS, da Organização Pan-Americana da Saúde (2004);
- Prêmio Nacional de Direitos Humanos, do Movimento Nacional de Direitos Humanos (2004);
- Menção honrosa do Prêmio Alceu Amoroso Lima Direitos Humanos (2005);
- Prêmio Direitos Humanos, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (2007);
- Prêmio Poc Awards, da Gay Blog Br, devido ao seu posicionamento frequentemente contra a homofobia (2020);
- Prêmio Zilda Arns pela Defesa e Promoção dos Direitos da Pessoa Idosa, da Câmara dos Deputados (2021);
- Prêmio Juca Pato (2022);
- Medalha da Ordem do Mérito do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, no grau de Grã-Cruz (2023).