O perito Mário Gazziro, professor de engenharia de informação na Universidade Federal do ABC (UFABC) e instrutor de computação forense no MBA de segurança de dados da Universidade de São Paulo (USP), divulgou neste domingo (28) um vídeo em que traz mais detalhes sobre como foi armada a farsa contra o padre Júlio Lancellotti.
Membros do Movimento Brasil Livre (MBL), bolsonaristas e nomes da direita paulistana vêm repercutindo, nas últimas semanas, um vídeo falso em que acusam o padre de pedofilia. Perícia feita pelo professor Mário Gazziro e divulgada pela Fórum já apontou que o vídeo em questão é falso.
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"As evidências indicam que os vídeos e montagens NÃO PERTENCEM AO SUPOSTO ACUSADO, Padre Júlio Renato Lancellotti, após constatação de montagens sobre vídeos para simular vídeo-chamadas", diz trecho do laudo de Gazziro, que identificou uma série de técnicas de edição e montagens a partir de análise forense. [Confira a íntegra do laudo ao final desta matéria].
Na verdade, o vídeo que tentam associar ao padre Júlio circula nas redes sociais desde 2020. À época, um laudo emitido pelo perito Onias Tavares de Aguiar foi submetido junto a uma denúncia ao Ministério Público (MP), que arquivou o caso por falta de materialidade nas supostas provas apresentadas.
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Mais recentemente, o vereador Rubinho Nunes (MDB-SP), que tentou abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Paulo para perseguir o padre Júlio, encomendou um laudo junto ao escritório do perito bolsonarista Reginaldo Tirotti - o resultado da perícia também foi desmontado pelo professor Mário Gazziro, que apontou falhas grosseiras na análise.
Ao analisar e cruzar as informações dos dois laudos (de 2020 e de 2024), Mário Gazziro constatou que o mais antigo, encomendado pelo ex-deputado estadual Arthur do Val, o "Mamãe Falei", teria sido fraudado - para além das montagens no próprio vídeo que circula nas redes - com o objetivo de ludibriar o MP. Segundo o professor, Do Val e seu perito teriam incorrido em crime de fraude processual, com pena prevista de detenção de três meses a dois anos, e multa.
"O crime foi perpetrado pela dupla Onias Tavares de Aguiar e Arthur Moledo do Val, respectivamente o perito que redigiu e adulterou o laudo, e seu contratante, o qual forneceu os vídeos. Onias adulterou deliberadamente o topo do cabeçalho dos quadros extraídos do suposto vídeo acusatório, de forma a ocultar o fato de que NÃO SE TRATAVA DO MESMO APARELHO CELULAR apresentado ao longo do documento, visto que nas seções anteriores do laudo, o modelo de aparelho celular utilizado para apresentar os supostos diálogos de pedofilia foi outro", afirma Gazziro.
Veja a comparação feita pelo professor que mostra as diferenças nos cabeçalhos dos celulares apresentados nas denúncias:
Em vídeo divulgado neste domingo (28), Mário Gazziro faz uma linha do tempo de como a farsa contra o padre Júlio Lancellotti começou a ser montada, desde 2020, e explica as fraudes que constatou nos laudos que tentam incriminar o religioso. O professor já comunicou o fato ao Ministério Público.
Assista
Confira outros vídeos divulgados pelo professor sobre o caso aqui.
Perícia professor Mário Gazziro
Confira a íntegra da perícia realizada pelo professor Mário Gazziro, que aponta a falsidade do vídeo utilizado contra o padre Júlio Lancellotti, aqui.