CADELA

VÍDEO: promotor diz à advogada que compará-la a uma cadela é uma ofensa... à cadela

Caso causou revolta no meio jurídico; Walber Luís do Nascimento teve uma condenação anterior por crime de corrupção passiva

O promotor Walber Luís do Nascimento.Créditos: Reprodução de Vídeo
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O promotor de Justiça, Walber Luís do Nascimento, comparou a advogada criminalista Catharina Estrella a uma cadela. Pior do que isso, em plena sessão do Tribunal do Júri, em Manaus, ele afirmou que compará-la a uma cadela era uma ofensa, mas não a ela, e sim à cadela.

Em vídeo gravado pela própria advogada, o promotor afirma durante o discurso em plenário: “Se tem uma característica que o cachorro tem, Dra. Catharina, é lealdade. Eles são leais, são puros, são sinceros, são verdadeiros. E, no quesito lealdade e me referindo especificamente a vossa excelência, comparar a vossa excelência com uma cadela é muito ofensivo, mas não a vossa excelência, a cadela. Em seguida, Estrella pede pela ordem durante a sessão de julgamento.

OAB repudia o caso

A Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas expressou veementemente sua repulsa pelo ocorrido. Em uma coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta-feira, o presidente da entidade, Jean Cleuter, condenou firmemente as ações do promotor, enfatizando que tais atitudes não apenas feriram a integridade profissional, mas também a dignidade da advogada como mulher. Cleuter enfatizou o acontecimento grave ocorrido durante a manhã, caracterizado pela violação das prerrogativas da Dra. Catharina Estrella.

Ele relatou que recebeu um telefonema da advogada, que estava profundamente abalada e chorando. "A OAB permanece vigilante e pronta para apoiar os interesses de nossa colega. Juntos, iremos lutar pela justiça e pelos direitos de todos os advogados e advogadas", afirmou.

Em um vídeo compartilhado nas redes sociais da presidência da OAB, Catharina Estrella declarou ter sido profundamente ofendida em seu ambiente de trabalho, no exercício de sua profissão como advogada. Ela destacou a inação dos juízes diante da situação, lamentando o ocorrido e expressando a necessidade de união da classe para garantir o respeito e evitar que episódios semelhantes afetem outras advogadas. "Hoje eu fui ofendida no meu trabalho, enquanto advogada. Os juízes não fizeram nada para impedir. Então, aqui a classe unida buscando respeito para que não torne a acontecer com qualquer outra advogada. Eu realmente não precisava passar por isso no exercício da minha profissão", desabafou.

Associação Brasileira de Advogados Criminalistas no Amazonas

Vilson Benayon, presidente da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas no Amazonas, também tomou medidas imediatas, protocolando um pedido de providências junto ao Conselho Nacional do Ministério Público. Este pedido foi realizado em defesa das prerrogativas da associada Catharina de Souza Cruz Estrella, que foi ofendida e desrespeitada durante uma sessão do Tribunal do Júri no estado do Amazonas.

TJ-AM não se pronuncia

O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) informou que, a princípio, não irá se pronunciar sobre o ocorrido.

Já a Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP), por meio do presidente Alessandro Gouveia, apresentou total e irrestrito apoio ao promotor Walber do Nascimento.

Condenado em 2010

Quando atuava no Tribunal do Júri de Manaus, em 2010, Walber Nascimento foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas por crime de corrupção passiva e perda do cargo público.

O magistrado foi afastado do cargo em 2009, pelo Conselho Superior do Ministério Público do Amazonas sob acusação de ganhar de presente um carro New Beetle, no valor de R$ 50 mil, de Flávio Coelho de Souza, também condenado e acusado por tráfico de drogas.

Ele nega a acusação.

A acusação partiu de uma força-tarefa montada pela promotoria, liderada pelo ex-deputado Wallace Souza, já falecido, que apresentava um programa de TV e era investigado por encomendar mortes de rivais.

Walber e Flávio foram condenados a dois anos e três meses de prisão. Porém, as penas foram convertidas em alternativa –prestação de serviços à comunidade ou fornecimento de cestas básicas a instituições filantrópicas.