A influência das mídias sociais e do ciberespaço em nossas vidas tem se intensificado significativamente ao longo dos anos. Através de plataformas como Instagram, Facebook, Twitter e Linkedin, entre outras, criamos perfis que refletem nossas personalidades e experiências.
Alguns estudiosos afirmam que as nossas páginas pessoais de usuário nas redes são como uma “extensão de nós”. Embora a internet não seja capaz de mostrar a vida cotidiana com o tamanho de sua complexibilidade, ainda assim as nossas ações refletem nesses meios de interação e ajudam a construir uma outra perspectiva de imagem própria.
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Com esse novo sistema de sociedade, que detém um longo tempo de nossos dias, consequências no mundo real começaram a surgir. O bullying, que se trata da prática de humilhação, zombaria, agressões físicas, psicológicas e emocionais, também está presente nesse ambiente, mas com outra nomenclatura – cyberbullying.
Na era digital, o cyberbullying se torna ainda mais perigoso do que o bullying convencional. Isto porque existe a possibilidade de pessoas mal intencionadas criarem notícias falsas, ‘trends’ de exposição e um efeito manada de linchamento com as redes sociais e a grande quantidade de pessoas que podem acessar o conteúdo.
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Por isso, essa pauta vem se tornando cada vez mais relevante nas discussões em instituições de ensino, por exemplo. Ao refletir sobre o assunto, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) realizaram um estudo que mostrou que, dentre alunos de escolas públicas e privadas, os que pertencem às instituições de ensino pagas são mais propensos a serem vítimas de cyberbullying.
Conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (GEPEM) da universidade, a pesquisa de doutorado entrevistou 3469 estudantes de São Paulo, dos quais 1991 eram de escolas públicas e 1478 eram da rede privada.
O resultado mostrou que 11 das 15 situações de cyberbullying apresentadas pelo estudo ocorrem em salas de aula do ensino privado. Além disso, os alunos relataram que haveria mais chances de passarem por violências virtuais em 10 das 15 situações.
“Esse dado chama a atenção pois, em geral, é a escola pública que é mais associada à violência”, disse Raul Alves de Souza, integrante do grupo de pesquisa, ao Jornal da Unesp.
Controlar a utilização da internet e das redes sociais por parte das crianças e adolescentes não é o suficiente. Muitas vezes, sequer temos conhecimento do que se é publicado ou falado entre as comunidades que acompanhamos com mais proximidade, justamente por conta do volume de postagens diárias e da grande gama de conteúdos disponíveis.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), um a cada três estudantes já sofreu bullying na escola. Assim como o formato tradicional desse tipo de violência, a punição não é o que extingue a prática, inclusive para o cyberbullying.
Para que essa conduta não volte a acontecer, a conscientização, a iniciativa dos responsáveis pela criança ou pelo jovem em buscar entender a situação e uma solução, bem como a escuta ativa e respeitosa, são atitudes que demonstram muito mais resultados. Isso porque, muitas vezes, a pessoa que comete as atitudes de violência se sente negligenciada em alguma área da vida e, por isso, acaba descontando nas vítimas, as quais o agressor vê como pessoas mais “vulneráveis”.
É importante assegurar que tanto a vítima quanto o agressor estabeleçam um vínculo seguro e confiável com seus responsáveis, a fim de lidar com as razões principais que desencadearam a prática do bullying e do cyberbullying.