O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) firmou, nesta quarta-feira (30), um acordo com a empresa Meta, dona do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp para encontrar pessoas desaparecidas. De início, o dispositivo, nomeado Amber Alerts, vai funcionar apenas no Distrito Federal, Ceará e Minas Gerais.
O objetivo da parceria é ampliar o alcance de anúncios de crianças e adolescentes desaparecidos. Por meio da ferramenta, o ministério vai enviar um alerta de emergência para a Meta, que o divulgará pelas redes sociais Facebook e Instagram. O aviso vai conter fotos e dados da pessoa desaparecida, como informações sobre roupas que usava quando foi vista pela última vez e dados do veículo que a levou, se houver.
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Em seguida, esse alerta vai ser divulgado em um raio de 160 quilômetros (km), a partir do local da ocorrência do desaparecimento.
O anúncio faz parte do projeto de Busca de Pessoas Desaparecidas, também lançado nesta quarta-feira, Dia Internacional das Pessoas Desaparecidas.
Essa nova política está divide em três eixos:
- Consolidação de dados, com o estabelecimento de fluxo das informações sobre o registro do desaparecimento e a classificação nacional, entre a esfera local e o Laboratório de Operações Cibernéticas/MJSP;
- Definição de protocolos e manuais relativos ao tema;
- Parcerias com plataformas digitais para difusão de informações sobre os desaparecimentos.
Segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, o projeto visa nacionalizar as buscas. “Já há uma coordenação específica na Senasp [Secretaria Nacional de Segurança Pública] sobre pessoas desaparecidas. E agora, estamos aparelhando essa coordenação com condições de efetivamente trabalhar junto com os estados. E a nossa contribuição, que não é local, evidentemente, mas, nacional, é basicamente a de difusão de informações”.
A ferramenta
O dispositivo foi inaugurado nos Estados Unidos e, desde 1990, já foi usado em 30 países. Seu uso permitiu encontrar cerca de 1.200 crianças, de acordo com a diretora global de Responsabilidade e Segurança da Meta, Emily Vacher.
O ministro Flávio Dino também informou que o fluxo de comunicação do desaparecimento será a partir das análises de risco feitas pelas secretarias de Segurança Pública dos estados e repassadas ao ministério. “Haverá um fluxo em que as delegacias dos estados vão comunicar à Senasp, no caso ao Laboratório de Crimes Cibernéticos, e, depois, nós vamos comunicar à Meta, e a empresa fará, por seus instrumentos tecnológicos, essa postagem”.
Distrito Federal, Ceará e Minas Gerais
A escolha das regiões se deu porque “esses estados já têm políticas minimamente estruturadas no trato da política de pessoas desaparecidas, e se dispuseram a fornecer os instrumentos tecnológicos, de pessoal e de logística, que são importantes para a estruturação inicial desse projeto”, afirmou o secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar.
Mas se constatada a eficácia da nova política, o programa terá ampliação nacional a partir de janeiro de 2024, prevê Dino. A adesão será voluntária de acordo com os governos estaduais. “Creio que todos os estados vão participar, porque é, evidentemente, uma ferramenta muito eficiente para essa difusão de informações”.
Meta
A representante da empresa, Emily Vacher, confirmou o trabalho da gigante norte-americana para ampliar a tecnologia aos outros estados. Ela também revelou que espera, no futuro, “expandir esse programa não só para o WhatsApp, mas para a nova plataforma Threads, que é uma forma muito importante de compartilhar informações. Especialmente, porque o WhatsApp é tão importante aqui, no Brasil”.
Dados
Somente de janeiro a julho deste ano, 42.272 pessoas sumiram no Brasil, por diversas circunstâncias, o que resulta em uma média de 199 desaparecidos por dia. Porém, no mesmo período, 26.296 pessoas foram localizadas. Média de 124 pessoas por dia, com paradeiro identificado.