Com a atual onda de calor que afeta grande parte do país, muitos se perguntam se o próximo verão será ainda mais quente que o anterior. No entanto, não há uma relação direta entre os dois eventos. Especialistas esclarecem quanto à possibilidade de históricos de altas temperaturas neste verão.
Fato é que ainda é cedo para prever se o verão, que começa em 22 de dezembro de 2023, será mais quente que o anterior, tendo em vista que a onda de calor é influenciada por diversos fatores, incluindo condições típicas do inverno, como tempo seco e falta de chuva, além de fatores atípicos, como o El Niño e o aquecimento global.
Te podría interesar
Entenda
Vale lembrar que o verão é uma estação chuvosa e características do inverno, como a falta de chuvas e a baixa umidade do ar permitem que a maior parte da energia solar se transforme em calor.
Isso significa que, enquanto o clima estiver seco, as temperaturas continuarão a subir, interrompidas apenas por algumas frentes frias, que têm sido menos frequentes devido ao fenômeno do El Niño. É provável que haja uma diminuição desse processo assim que a temporada de chuvas de verão chegar.
Te podría interesar
O coordenador de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Giovanni Dolif, afirma que a atmosfera, que é um fluido, sempre se move para redistribuir energia e calor. Quando uma área começa a esquentar, o surgimento de chuvas para resfriar a área, como o efeito de jogar água em uma chapa quente, é um dos processos atmosféricos.
Segundo ele, não é incomum que a partir de outubro haja uma sequência de dias mais amenos devido à chegada das chuvas. O tempo esquenta, a temporada de chuvas vem e assim segue o verão.
O verão será mais quente?
Embora as altas temperaturas sejam esperadas para essa estação, ainda não há informações que indiquem novos históricos de calor. No entanto, os mesmos fatores atípicos que influenciam o aumento das temperaturas no inverno podem permanecer até o final do ano e afetar o clima também no verão.
Nas palavras de Dolif, “o El Niño provavelmente vai continuar contribuindo para que fique quente, assim como o aquecimento global. O que não conseguimos, ainda, é prever com precisão quão quente ficará no verão. Mas, olhando um planeta mais aquecido e o El Niño em andamento, com pico no fim do ano, há mais argumentos a favor de ser um verão mais quente do que ameno”.
Uma variabilidade intra-sazonal, com dias com poucas chuvas, em que a temperatura aumenta, e de mais chuva, com temperaturas mais amenas no verão, é indicada pela previsão, de acordo com Dolif. “Geralmente, há picos de calor entre o fim de janeiro e o começo de fevereiro, e aí poderia haver marcos históricos”. Ele cita a probabilidade de anomalias na temperatura. “O cenário do El Niño nos sinaliza uma possibilidade de anomalias de temperaturas positivas acima da média”, explica.
Recorde de temperaturas
A onda de calor que afeta grande parte do país parece estar diminuindo. Por exemplo, o esperado recorde de temperatura para agosto em São Paulo não aconteceu. A temperatura média máxima na capital paulista foi de 31,5°C, enquanto no dia anterior os termômetros atingiram 32,3°C, de acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da prefeitura.
O CGE informa que as condições atmosféricas estão mudando. Devido ao calor intenso, principalmente no interior do estado de São Paulo, e à aproximação de uma frente fria pelo oceano, áreas de instabilidade se multiplicam com ventos de quase 50km/h no interior do estado em direção à Região Metropolitana.
As simulações atmosféricas mostram que a última semana de agosto será chuvosa e com queda nas temperaturas, acrescenta o órgão. Na sexta-feira (25), é esperado o sol entre nuvens e chuva fraca durante a tarde, com temperatura mínima de 16°C na madrugada e máxima de apenas 22°C à tarde. O aumento da umidade do ar também é esperado, com valores mínimos próximos de 50%.
Ainda segundo o CGE, as temperaturas devem variar entre 13°C e 16°C em São Paulo, com um aumento significativo na umidade do ar, com valores mínimos acima dos 70% em decorrência de uma frente fria ao longo do litoral paulista. Ela será fortalecida por áreas de instabilidade no continente, resultando em pancadas de chuva moderadas a fortes durante o dia neste sábado (26).
*Com informações de O Globo