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Eletrobras contrata empresas ligadas a ex-parlamentares que trabalharam pela privatização

Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e José Carlos Aleluia (UNIÃO-BA) tiveram papel crucial na articulação no Congresso durante o processo de venda da empresa

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Dois grandes entusiastas da privatização da Eletrobras teriam fechado polpudos contratos com a empresa de energia. Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e José Carlos Aleluia (UNIÃO-BA) tiveram um papel preponderante na articulação da venda da companhia no Congresso Nacional. Agora, segundo reportagem da revista Crusoé, empresas ligadas a Aleluia e Coelho fecharam contratos que somam R$ 1,1 milhão para consultoria e assessoria institucional. 

Segundo o site da revista, em matéria assinada por Vanessa Lippelt, o primeiro contrato, no valor de R$ 480 mil, foi firmado com a empresa Saver Assessoria e Consultoria Ltda, que pertence à Caroline Aleluia, filha do ex-deputado José Carlos Aleluia (UNIÃO-BA), e a Luiz Felipe Aleluia, irmão do parlamentar. Já o segundo contrato, com valor de R$ 660 mil, foi assinado com a empresa Vale Soluções e Consultoria, aberta em 2023 pelo ex-senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). 

O deputado federal Glauber Braga (PSOL), que luta para reverter a privatização da Eletrobras, comentou a denúncia no Twitter.  "Dois ex-parlamentares de direita e do centrão, que ajudaram no processo de privatização da Eletrobras, acabam de assinar contratos com a empresa de energia para realizarem consultoria institucional – o chamado lobby", escreveu.

Em 2018, na liderança do governo Bolsonaro no Senado, Coelho dizia que "o campo estava limpo para privatizar a Eletrobras". Já Aleluia se ocupava em relatar o projeto de lei da privatização da empresa na Câmara dos Deputados. "Os fundos que podem ser obtidos pela venda de parte das ações da companhia podem contribuir com o desenvolvimento energético e, em um segundo momento, reduzir a tarifa ao consumidor", prometia. 

Antes, o filho de Coelho, Fernando Coelho Filho, à frente do ministério de Minas e Energia do governo Michel Temer, já havia semeado o terreno para a privatização. "A privatização vai ser boa para a Eletrobras", dizia à época, e, logo em seguida, como deputado, trabalhou no projeto de "capitalização" da empresa.

Finalizada em 2021, a privatização da maior empresa de energia da América Latina até hoje é contestada por muitos, menos por aqueles que fazem bons negócios com a venda da companhia.