Ricaços paulistanos, donos dos 119 carros e motos de luxo apreendidos pela Polícia Militar na última madrugada por conta de denúncia da prática de ‘rachas’ em área nobre de São Paulo, reclamaram de todas formas sobre supostos exageros e prejuízos cometidos na operação.
Alguns reclamaram ao vivo e a cores, enquanto a operação era realizada, enquanto outros deixaram para reclamar mais tarde, após a realização da operação, nas redes sociais.
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Em vídeo que viralizou nas redes, o proprietário de um BMW M240i 2017 filmou o momento em que o veículo teve os para-choques ralados enquanto era rebocado pela PM. “Quem vai pagar por esse prejuízo?”, indagou. E nesse momento também se verificou o privilégio de classe: o PM presente ao reboque, ao invés de simplesmente agredir o jovem que fazia o questionamento, como é comum em bairros menos favorecidos, se esforçou para explicar ao dono do carrão a razão pela qual o veículo estava sendo apreendido. Segundo o PM, os expectadores também devem responder pelas corridas ilegais e ter um carro ali estacionado, naquele contexto, configuraria participação no evento. O veículo é avaliado em R$ 289 mil e pode atingir os 100km/h em 4,6 segundos.
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Já o proprietário de um Chevrolet Camaro 2SS 2011, avaliado em R$ 190 mil e sem modificações, usou as redes sociais para reclamar que seu carro, mesmo estando estacionado em uma vaga do posto, acabou rebocado durante a operação. Ele diz na publicação que sofreu um exagero, mas não quis falar com a imprensa.
Com grande repercussão nas redes, a operação da PM paulista apreendeu 119 carros de participantes e expectadores dos rachas. Um perfil do Instagram publicou uma foto dos participantes rendidos, em frente ao posto, com as mãos nas cabeças. “Melhor decisão desta quinta foi eu ir embora depois do filme. Levaram quase todos os caros, multa de R$ 3 mil para geral, quem foi de carona se lascou também”, escreveu.
“A polícia ultimamente está uma vergonha, isso é ridículo”, comentou um internauta. Outro internauta questionou a operação e disparou: “Prender ladrão dá trabalho porque eles reagem”.
A operação
A Polícia Militar de São Paulo fez uma operação na madrugada desta sexta-feira (19) em área nobre da capital paulista, próxima ao famoso Parque do Ibirapuera, onde jovens se reuniam a a aproximadamente um mês para exibir carrões e apostarem ‘rachas’ em alta velocidade pelas ruas da região. Ao todo foram apreendidos 119 veículos, entre carros e motos. Policiais relataram à imprensa que tiveram dificuldades e precisaram de reforços para concluir o total de apreensões.
De acordo com as autoridades, todas as noites de quinta-feira o grupo se reunia em posto de gasolina próximo ao Ibirapuera, onde confraternizava exibindo os motores para, mais tarde, começarem as corridas. A região é marcada pela presença da elite paulistana e muitos carros de luxo estão envolvidos no evento, mas também havia carros populares entre os apreendidos.
A operação durou aproximadamente 6 horas e foram necessários os reforços de diversos guinchos e caminhões-cegonha para concluir a apreensão dos 119 carros. Todos os presentes foram autuados. O pai de um dos jovens tentou impedir a apreensão de seu carro e acabou detido por desacatar os policiais.
“O objetivo da operação é coibir esses eventos clandestinos, organizados e não autorizados, de demonstração e exibição de perícia e manobra de veículos e competição automobilística”, disse à imprensa o tenente-coronel Marcos Cunha.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, participar de rachas representa uma infração gravíssima e prevê multa de quase R$ 3 mil. Como ‘participar’, entende-se não apenas aqueles que efetivamente disputam a corrida, mas também a plateia que assiste e admira a prática.