"PIADA" SEM GRAÇA

Nome de Emicida bomba nas redes após Fábio Porchat sair em defesa de Léo Lins; entenda

Rapper vem sendo citado por usuários das redes sociais em meio à repercussão do posicionamento de Porchat sobre decisão judicial contra Léo Lins, tido como o "rei do humor negro"

O rapper Emicida e o humorista Fábio Porchat.Créditos: Reprodução/GNT
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O termo "Emicida", em referência ao famoso rapper brasileiro, consta na lista de assuntos mais comentados do Twitter na noite desta quarta-feira (17). Ao analisar as postagens com o nome do artista, é possível observar que todas elas tratam do mesmo assunto: a defesa que o humorista Fábio Porchat fez, mais cedo, do comediante Léo Lins

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que Léo Lins, tido como o "rei do humor negro", delete de seu canal do YouTube o vídeo de um espetáculo, publicado em 2022. Segundo a decisão da juíza Gina Fonseca Correa, que atendeu pedido do Ministério Público, o show do comediante estaria "reproduzindo discursos e posicionamentos que hoje são repudiados". Entre os temas, são mencionadas "piadas" com a escravidão, perseguição religiosa, minorias, pessoas idosas e com deficiência

Uma das "piadas" de Léo Lins que vem sendo questionada, por exemplo, está uma em que diz que "negro não consegue achar emprego, mas na época da escravidão já nascia empregado e também achava ruim”. Ao longo de sua carreira, o comediante já foi acionado na Justiça inúmeras vezes por fazer deboche de minorias e até mesmo de pessoas com doenças graves

Ao se manifestar sobre o assunto, Fábio Porchat defendeu o colega e afirmou não ver "problemas" nas piadas que ridicularizam minorias sociais, como os negros ou homossexuais. 

"Ah, mas faz piada com minorias… E qual o problema legal? Nenhum. Dentro da lei pode-se fazer piada com tudo tudo tudo", diz um trecho do texto do humorista. 

E o Emicida? 

O nome de Emicida veio à tona na repercussão entre internautas pois o rapper já apresentou o programa "Papo de Segunda", do canal por assinatura GNT, ao lado de Porchat.

Os usuários das redes sociais vêm afirmando que o humorista não teria "aprendido nada" com o artista, que é negro, encampa a pauta antirracista e já criticou, por inúmeras vezes, o fato de pessoas negras serem motivo de "piadas"

Emicida, inclusive, tem até mesmo uma música que trata do assunto. 

"Palhaços em festa, raiz cortada / A dor dos judeus choca, a nossa gera piada", diz um trecho da canção "Bang!", lançada em 2013. 

Veja parte da repercussão 

"Sou contra o racismo"

Após a repercussão de seu texto em defesa de Léo Lins, Fábio Porchat voltou ao Twitter, com uma nova publicação, afirmando que é "contra o racismo" e que, na verdade, está se posicionando contra a "censura prévia". 

Leia a íntegra 

"É evidente que eu sou contra o racismo e inclusive sou muito aliado nessa luta faz tempo, eu já falei mil vezes em todas as entrevistas que eu dei que o tal do limite do humor é a Constituição. Se é crime não pode. Ponto. E lógico que quem se sentir ofendido pode e deve acionar a justiça. A minha questão aqui é com a censura prévia, com a tal da nova lei que é um disparate. Eu sempre disse e continuo dizendo que acho ruim fazer um tipo de piada ofensiva, acho triste, acho velho, acho desagradável, mas nada disso é crime. Enquanto não for crime, pode. Eu não faço, mas tem gente que faz. E tem gente que ri. Eu sei que aqui não é lugar pra debater nada, o povo quer sangue, suor e lágrimas, e não dá pra entrar numa conversa séria em Twitter, mas eu caí na armadilha de me manifestar sobre um assunto sério por aqui e aí vira uma avalanche descontrolada. Eu defendo a liberdade de expressão e se tem gente que quer usar essa liberdade pra ofender, pena. Mas pode. Eu sou veementemente contra o que propõe essa nova lei recém sancionada pelo presidente. Ela é perigosa. Um cara falando bobagem no teatro não. Todos nós impossibilitados de falarmos bobagem é. Esquece o Léo Lins, eu to falando sobre uma coisa muito maior, sobre poder contar piada. Não só o comediante, mas você aí no seu bairro pros seus amigos. Não é porque você se sentiu ofendido que aquilo não pode ser dito. E agora chega de papo e vamos trabalhar pra impedir essa lei de entrar em vigor"