CRIME HEDIONDO

Assassinato de muher trans em São Paulo: cinco homens vão a júri popular

Laura Vermont tinha 18 anos quando foi agredida pelo grupo em 2015, na zona leste da capital paulista; Antes de morrer em decorrência dos golpes na cabeça ainda sofreu com a brutalidade policial

Zilda Laurentino e Jackson de Araújo, pais de Laura, e Vinicius Sala, amigo, com uma foto da vítima.Centro de Cidadania LGBT em SP homenageia LauraCréditos: Reprodução/Facebook
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Começa na tarde desta quinta-feira (11) o julgamento em júri popular dos 5 réus acusados pelo espancamento seguido de morte de Laura Vermont, mulher trans morta em 2015 no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo. Ela tinha 18 anos quando foi assassinada pelo grupo.

Van Basten Bizarrias de Jesus (26), Iago Bizarrias de Deus (24), Jefferson Rodrigues Paulo (26), Bruno Rodrigues de Oliveira e Wilson de Jesus Marcolino (22) são os homens apontados pelo Ministério Público de São Paulo como os autores do crime, que começou com uma discussão e evoluiu para o linchamento.

O grupo respondeu ao processo em liberdade e agora encara 7 jurados no Fórum Criminal da Barra Funda, na capital paulista, que vão decidir pela condenação ou absolvição em relação ao crime. O juiz responsável por dar a sentença do caso é Roberto Zanicheli Cintra, que atua na 1ª Vara do Júri. O grupo pode pegar até 30 anos de prisão.

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À época dos acontecimentos, um laudo do Instituto Médico Legal apontou que a causa da morte de Laura foi um traumatismo craniano decorrente das agressões. Para piorar, dois policiais militares chamados por testemunhas para atender o caso teriam sido omissos, truculentos e não protegeram a vítima no ato. Ao contrário, a teriam agredido após o ataque dos réus.

Ainda que não sejam acusados diretos pela morte de Laura, a irresponsabilidade e distração dos agentes foi tamanha que a vítima conseguiu até mesmo entrar na viatura e dirigi-la até bater em um muro. Após esse fato, um dos policiais a agrediu e o outro chegou a disparar contra o seu braço. Na delegacia, contaram uma história completamente descabida sobre a ocorrência e só revelaram o que realmente aconteceu quando confrontados pelos investigadores da Polícia Civil.

A defesa de Laura alega que ela “roubou” a viatura como um ato de desespero, para fugir dos agressores.

Em ação cível, a atuação dos PMs gerou um processo contra o Estado de São Paulo ganho pela família da vítima em junho do ano passado. Na ocasião ficou decidido que os pais de Laura teriam direito a uma indenização de R$ 100 mil.

Mas apesar dessa decisão, os investigadores não consideraram os PMs culpados pela morte de Laura Vermont, mesmo tendo agredido e disparado contra a vítima após ela sofrer agressões do grupo de jovens. Também não entenderam que a ação dos PMs possa ter sido motivada por transfobia.

Os policiais militares chegaram a ser presos por falso testemunhos, mas foram soltos em seguida. A Polícia Militar divulgou nota em que afirma que a dupla foi exonerada em 2016 pelos erros cometidos na ocorrência. O então soldado Diego Clemente Mendes, que atirou no braço de Laura, e o sargento Ailton de Jesus, alegaram que suas ações foram empregadas com o intuito de se defenderem da vítima.