CRIME BRUTAL

Crueldade: A história do médico preso por ter retirado órgãos de uma criança viva

Álvaro Ianhez, de 76 anos, foi condenado a 21 anos e 8 meses de prisão por homicídio duplamente qualificado

O médico Álvaro Ianhez.Créditos: Reprodução
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Um crime brutal, ocorrido no município de Poços de Caldas (MG), chocou o país no ano 2000, mas teve seu desfecho apenas nesta terça-feira (9). O médico Álvaro Ianhez, hoje com 76 anos, foi preso em Jundiaí, no interior de São Paulo, condenado pela morte e retirada de órgãos de um menino vivo. A vítima, Paulo Veronesi Pavesi, tinha 10 anos.

Ianhez recebeu a pena de 21 anos e 8 meses de prisão, por homicídio duplamente qualificado, no dia 21 de abril de 2022. Porém, não havia sido preso ainda por vários recursos apresentados por sua defesa.

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Em 19 de abril de 2000, o menino caiu da grade do playground do edifício onde morava e foi encaminhado ao pronto-socorro do Hospital Pedro Sanches. O Ministério Público (MP) apurou que Paulo teria sido vítima de erro médico durante uma cirurgia e foi levado para a Santa Casa de Poços de Caldas, onde teve os órgãos retirados por meio de um diagnóstico de morte encefálica forjado, segundo as investigações.

“Essa foi uma das diversas irregularidades ocorridas no atendimento ao garoto, pois, como interessados no transplante de órgãos, havia vedação legal para que eles atuassem na constatação da morte do paciente”, destacou p MP, de acordo com informações do G1.

O pai do menino, Paulo Airton Pavesi, questionou o recebimento da conta hospitalar no valor de R$ 11.668,62. Ele encontrou dados que não batiam com o procedimento que deveria ter sido realizado, inclusive com a cobrança de medicamentos para remoção de órgãos, que é custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Pavesi passou a investigar por conta própria e reuniu provas para demonstrar as irregularidades. Ele deixou o Brasil e foi viver na Europa em 2008, alegando que estava recebendo ameaças.

A descoberta de um suposto esquema para a retirada ilegal de órgãos de pacientes em Poços de Caldas provocou, em, 2002, o descredenciamento da Santa Casa local para a realização de transplantes e remoção de órgãos.

Quatro médicos foram denunciados pelo MP por homicídio qualificado do menino Paulo Pavesi: Álvaro Ianhez, José Luiz Gomes da Silva, José Luiz Bonfitto e Marco Alexandre Pacheco da Fonseca.

Conclusão do Ministério Público

O MP concluiu que todos agiram com intenção de forjar e documentar a morte da criança com o objetivo de retirada ilegal de órgãos.

Ele [Ianhez] é o médico responsável pela retirada dos órgãos. Ele era o médico que era o diretor da Santa Casa onde se fazia o transplante de órgãos. Ele é o dono da clínica onde era feito o transplante ilegal de rim", declarou Dino Miraglia, advogado da família.

“Ele estava presente desde a hora que em que ele (Paulo) foi transferido de um hospital para outro sem a menor necessidade e quando anestesiaram o menino para fazer retirada de órgão. Se o menino estava com morte cerebral, para que anestesiou? Anestesiou porque não tinha morte cerebral. Se não tinha morte cerebral, não podia ter transplante", acrescentou.

José Luiz Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, foram condenados a 25 anos de prisão, em janeiro de 2021. Já Marcos Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo júri.