"ENFORCADO NAS TRIPAS..."

João Paulo Cuenca vence 126º processo movido por pastores da Igreja Universal

Escritor foi alvo de ação coordenada por publicar frase crítica a Bolsonaro e à instituição liderada por Edir Macedo

O escritor João Paulo Cuenca.Créditos: Reprodução/YouTube
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O escritor João Paulo Cuenca venceu mais um processo que havia sido movido contra ele por um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, instituição evangélica de Edir Macedo. Trata-se da 126º ação judicial vencida por Cuenca, que foi alvo de uma ação coordenada encampada a partir de 2020 por pastores da Universal de diferentes estados. 

O anúncio sobre o encerramento de mais um processo foi feito por um dos advogados do escritor, Lucas Mourão, nesta quinta-feira (9). "Vocês devem se lembrar do caso em que pastores da Igreja Universal entraram com 144 processos contra o João Paulo Cuenca. Hoje, após 126 processos encerrados, comemoramos a nossa 126ª vitória!", informou o defensor através das redes sociais. 

A investida de pastores da Igreja Universal contra Cuenca se deu a partir de uma frase publicada pelo escritor em que criticava a instituição religiosa e o ex-presidente Jair Bolsonaro, parafraseando um texto padre francês Jean Meslier, escrito no século 18.

"O brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”, havia escrito Cuenca, que além de ser alvo dos processos, chegou a ser banido do Twitter por decisão de um juiz. 

A frase que Cuenca usou de base para sua publicação e que motivou os processos, de Jean Meslier, dizia que “o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”. O escritor afirmou à época que sua postagem se tratou de uma sátira de uma metáfora que já foi utilizada por inúmeros autores.

“Dizer que eu estou clamando pelo enforcamento dos Bolsonaros, a sátira não tem esse sentido. Não estou clamando pelo enforcamento de ninguém. Só acho que esses indivíduos têm que estar longe do Estado, de Brasília”, declarou. 

“As ações são muito parecidas, são todos pastores da igreja, isso é uma ação coordenada, isso é litigância de má-fé. Essas pessoas estão usando o sistema jurídico do país para me constranger. Essa ação coordenada é um abuso do uso da Justiça", argumentou Cuenca quando a investida da Universal teve início.