O autodenominado “apóstolo” Estevam Hernandes, figura conhecida nacionalmente no meio evangélico, fundador da Igreja Renascer em Cristo e responsável por criar a Marcha Para Jesus, o mais importante evento evangélico brasileiro, na véspera do Dia Internacional das Mulheres, deu uma resposta a uma expectadora de seu programa televisivo que deixou muita gente indignada.
A fiel, conforme a pergunta que aparece no telão, questionou: “quando chego em casa muito cansada e não tenho vontade de fazer amor com meu marido, sou obrigada?”.
A reação do “apóstolo”, que nos últimos anos tornou-se uma figura abertamente bolsonarista e presente em eventos com o ex-presidente de extrema direita, não foi algo inicialmente supermachista ou conservadora. “Ninguém é obrigado a nada”. No entanto, na sequência de sua resposta, as “dicas” com “amparo bíblico” do clérigo neopentecostal geraram uma onda de críticas nas redes.
“Ele (um versículo citado) fala que o corpo da mulher pertence ao marido, e o do marido pertence à mulher... Ambos não devem se separar, não devem deixar de praticar sexo por muito tempo, a não ser por consentimento mútuo para período de consagração e oração”, completou Hernandes.
Mas a coisa piorou quando o chefe da Renascer em Cristo, que ficou conhecido ao lado da esposa, a “bispa” Sônia Hernandes, há mais de 20 anos, resolveu explorar mais o “papel” que a mulher deve ter numa relação quando assunto é o sexo.
“Se você chega cansada, você começa a ordenar melhor sua vida, ter uma disciplina para que possa satisfazer seu marido. Não dê brecha. Se fica sem praticar sexo, o que vai acontecer? Vai fazer com que ele busque outras alternativas, ou então o diabo ponha alguém no caminho dele porque simplesmente você está muito cansada”, disse o pastor.
Diante da péssima repercussão, sobretudo por ter ocorrido na véspera do Dia Internacional das Mulheres, a reportagem da Folha de S. Paulo informou numa reportagem sua que ouviu Hernandes sobre suas palavras no programa de TV.
Hernandes reafirmou o que de fato disse no início, que “ninguém é obrigado a nada”, e preferiu argumentar que sua igreja sempre foi um lugar pioneiro para as mulheres que queriam exercer o sacerdócio anos atrás, já que o meio evangélico é profundamente machista.
“Se alguém achou que minha direção é para impor ou massacrar a mulher sexualmente está completamente enganado. Eu prego o respeito e sou o pioneiro em quebrar todos os paradigmas religiosos contra as mulheres. Prego Efésios, capítulo 5: o marido deve amar a mulher como Cristo ama a Igreja... Temos um super movimento, o Mulheres Mais que Vencedoras, com mulheres empoderadas e participativas”, se defendeu o clérigo.
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