Tem viralizado nas redes sociais, nos últimos dias, um anúncio feito pela agência de recrutamento Kilmes Feira & Eventos de vagas para mulheres trabalharem em stands da Agrishow, maior feira do agronegócio do país e que será realizada entre os dias 1º e 5 de maio em Ribeirão Preto (SP).
As vagas, segundo o anúncio, são para mulheres que tenham o "perfil panicat", em referência às assistentes de palco do programa "Pânico", quando era veiculado na RedeTV!, que ficavam seminuas e tinham o corpo malhado. Entre outras exigências, estão que as candidatas vistam manequim do 36 ao 42, ter no mínimo 1,65 metro de altura e corpo "de academia".
"É um combo de machismo, objetificação do corpo feminino e gordofobia", disse a deputada estadual Duda Hidalgo (PT-SP), a mais votada de Ribeirão Preto. Ao repercutir o anúncio em suas redes sociais, a petista anunciou que entraria com uma ação no Ministério Público do Trabalho (MPT) contra a agência em questão.
O MPT, por sua vez, informou que vai abrir inquérito contra a empresa por suposta prática de discriminação, que viola a convenção internacional número 111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e fere o artigo 373-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no Brasil, que versa sobre proteção da mulher e que veda exigências subjetivas em vagas de trabalho que envolvem sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez.
Outro lado
Em nota enviada ao portal G1, a organização da Agrishow informou que não tem vínculo com a agência em questão, que estaria prestando serviços para empresas que terão stands no evento, e que repudia qualquer tipo de discriminação. “A Agrishow não estava ciente. Eles tinham contrato com expositores. A Agrishow já tem sua equipe”, diz o comunicado.
"Também vem a público informar que a empresa Kilmes Feiras e Eventos não faz parte da lista de fornecedores oficiais do evento. Por isso, solicitou o imediato cancelamento da publicação e a exclusão de seu nome, utilizado sem qualquer autorização no contexto", prossegue.
Já a Kilmes Feira & Eventos, através de um de seus sócios, Bruno Tavares, disse ao portal Metrópoles que tal perfil do anúncio é exigido pelos clientes. “É algo que acontece há muitos anos, todo mundo faz. Somos uma empresa de recrutamento. Eles pegaram um anúncio e tiraram de contexto”, afirma.
A publicação com a oferta de vagas e as exigências foi retirado do ar após a repercussão do caso.