O jovem brasileiro Victor Muller Ferreira foi preso em abril de 2022 na Holanda e deportado para o Brasil. Mas ele não era Victor e nem um jovem brasileiro. Seu nome é Serguei Vladimirovitch Tcherkasov e ele atuava na GRU, unidade de inteligência militar da Defesa russa -um espião.
Na Holanda, tentou se infiltrar no TPI (Tribunal Penal Internacional), em Haia, passando-se por brasileiro, com documentos falsos sob o nome de Victor.
Ele estava preso na carceragem da Polícia Federal em São Paulo e foi transferido recentemente, em segredo, para para a Penitenciária Federal de Brasília, presídio de segurança máxima na capital.
No Brasil, onde Tcherkasov morava até viajar para a Holanda, ele está condenado a 15 anos de prisão pela Justiça Federal em São Paulo por uso de documento falso. O russo ainda é investigado num inquérito por espionagem.
A apuração ainda está em andamento e pretende revelar como teria ocorrido sua atuação no Brasil. A PF quer descobrir se ele espionou algum cidadão, autoridade ou instituição brasileira ou se o país era apenas sua base para atuar em favor do governo russo em outras localidades.
Outras frentes de investigação se dão em torno da forma como o suposto espião se mantinha no país e da origem do dinheiro utilizado por ele. Nessa seara, o objetivo é descobrir se os russos se valeram de transações financeiras disfarçadas para bancá-lo.
A PF tem tratado o caso com sigilo, uma vez que informações coletadas apontam para o envolvimento de Tcherkasov em missões sensíveis para os russos.
As suspeitas da PF depois que a embaixada da Rússia pedir sua extradição e foram reforçadas depois de o próprio Tcherkasov declarar em audiência na Justiça, em novembro, o interesse de retornar ao seu país de origem.
O governo russo pediu a extradição alegando que o espião é acusado no país de traficar drogas. Mas a Polícia Federal desconfia que ele será libertado assim que pisar em solo russo.
A transferência de São Paulo para a penitenciária em Brasília foi feita depois que a embaixada da Rússia no Brasil pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal), em agosto, a extradição de Tcherkasov.
O caso, com ares de novela de espionagem, não está concluído.
Com informações da Folha de S.Paulo.