Os assassinatos do chef de cozinha espanhol David Peregrina Capó e de sua esposa, a brasileira Érica da Silva Santos, ocorridos no início do último fim de semana no restaurante exclusivo do casal, localizado às margens de um rio em Porto Seguro, uma zona altamente turística do sul da Bahia, ainda não foram esclarecidos, mas o passado de uma das vítimas surpreendeu a polícia.
Capó, de 53 anos, era natural de Mallorca, a principal das Ilhas Baleares, no Mar Mediterrâneo, e estava no Brasil havia alguns anos, trabalhando à frente do restaurante Os Ribeirinhos. Ele era condenado pela Justiça da Espanha por estelionato, apropriação indébita e falsificação de documentos, crimes pelos quais recebeu sentenças de seis anos de prisão. O julgamento teria ocorrido há pouco mais de uma década e desde então ele era considerado foragido.
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O golpe em que Capó esteve envolvido junto com outras 28 pessoas, que ficou conhecido como “caso das hipotecas fantasmas”, ocorreu entre os anos de 2003 e 2004 e consistiu na tomada fraudulenta de inúmeros empréstimos numa unidade bancária em que o chef à época era gerente. Ele e a quadrilha desviaram criminosamente pouco mais de dois milhões de euros, o equivalente atualmente a mais de R$ 10 milhões.
A sentença recebida por Capó e por outros envolvidos na fraude, de acordo com a imprensa da Espanha, que divulgou amplamente o homicídio do estelionatário e de sua esposa, já teria inclusive prescrito. Na prática, se retornasse à sua terra natal, o chef não seria mais enviado para a prisão para cumprir pena.
A Polícia Civil da Bahia segue investigando o duplo assassinato e já descobriu que Érica foi atingida ao tentar fugir do local onde morava, enquanto o marido foi morto ali mesmo no imóvel, na área da cozinha. As autoridades querem saber se o casal tinha alguma desavença com moradores da região, ou ainda se algum barco estranho andou trafegando na área nos dias e momentos que antecederam ao bárbaro crime.