As metralhadoras .50 e os fuzis 7.62 roubados por militares do Arsenal de Guerra do Exército, em Barueri, São Paulo, teriam sido devolvidas a mando do Comando Vermelho, segundo informações divulgadas pelo jornalista Rodolfo Schneider, da Band, nesta sexta-feira (20).
Parte das 21 armas roubadas foi encontrada nesta quinta-feira (19) dentro de um carro na Gardênia Azul, bairro da zona oeste do Rio famoso pela presença de milícias.
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Segundo fonte ouvida por Schneider, "ao que tudo indica, é que o tráfico colocou em um carro, avisou e entregou (as armas), no sentido de ‘toma de volta, não vem me sufocar, não queremos problemas com vocês".
Apenas 4 metralhadoras .50 e as outras 4 Mags de calibre 7.62 foram encontradas no carro pela polícia, que teria descartado a hipótese de que o Comando Vermelho teria comprado as armas diretamente com os militares. As suspeitas é que o armamento foi entregue a intermediários.
"O que se entende é que aliciaram essas raposas dentro do Arsenal, compraram as armas e foram repassar pelo menos uma parte para o Comando Vermelho. E no repasse para a facção, quando receberam e viram a repercussão e a reação do Exército, devolvem”, diz o jornalista da Band.
Armas
As quatro .50 apreendidas são as mesmas que teriam sido oferecidas a traficantes do Comando Vermelho. Um vídeo dessa transação foi enviado pela Polícia Civil ao Exército e embasou as suspeitas dos militares de que o furto teria sido motivado pela cooptação de facções criminosas sobre militares lotados no Arsenal de Guerra de São Paulo.
As investigações ainda descobriram que as armas chegaram a ser adquiridas por criminosos após serem oferecidas em Nova Holanda (Maré), Vila Cruzeiro (Penha), Rocinha e Cidade de Deus, quatro comunidades controladas pelo CV.
As .50 têm o poder de fogo suficiente para derrubar aeronaves e alcance próximo a 1800 metros. Já as 7,62 são armamentos utilizados em combate direto. As metralhadoras seriam usadas nas disputas entre as facções de traficantes e milicianos.
As armas recuperadas ficam sob a guarda de unidade militar no Rio de Janeiro até que o Comando Militar envie homens para buscá-las e levá-las de volta ao AGSP em Barueri. Das 13 armas que seguem desaparecidas, 9 são .50 e outras 4 são de calibre 7,62.
enente-coronel que dirige o AGSP será exonerado
Enquanto isso, o General de Brigada Maurício Vieira Gama, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste, anunciou, também nesta quinta (19), que o tenente-coronel Rivelino Barata, diretor do AGSP, será exonerado do cargo por conta do roubo das metralhadoras.
O general reconheceu o envolvimento de militares lotados no AGSP no roubo e anunciou que aqueles envolvidos que forem temporários serão expulsos da Força e os oficiais de carreira passarão por processos administrativos e de apuração interna.
“O Exército considera esse episódio inaceitável e não medirá esforços para responsabilizar os autores e recuperar todo o armamento no mais curto prazo. Tudo está sendo investigado, e os ilícitos e desvios de conduta serão responsabilizados nos rigores da lei. A linha de investigação mais provável é de que as armas foram desviadas com participação de militares do AGSP entre 5 e 8 de setembro”, afirmou Vieira Gama.