POR DENTRO DO GOLPISMO

Jornalista revela detalhes do acampamento no QG de Brasília

Profissional esteve infiltrada na movimentação golpista e quase foi presa quando polícia desmobilizou acampamento

Jornalista revela detalhes do acampamento no QG de Brasília.“O discurso sempre foi violento”, diz a jornalista. “Sempre”, enfatizaCréditos: Reprodução/Twitter@annacmreis
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A jornalista Anna Reis, produtora do Bom Dia DF, da TV Globo do Distrito Federal, esteve infiltrada no acampamento bolsonarista  que durou cerca de 70 dias na frente do Quartel-General do Exército em Brasília. Ela revelou na última sexta-feira (13), em sua conta no Twitter, alguns detalhes da organização dos golpistas.

A colega relata que logo de cara sofreu um “primeiro baque” ao constatar a avançada e custosa infraestrutura do local. Ela relata que havia vários banheiros químicos e diversas tendas com fins específicos. Entre elas, uma tenda de roupas e outra específica para youtubers editaram seus materiais.

“Mesmo em um dos períodos mais chuvosos do DF a tenda para youtubers se manteve firme. Havia dois computadores de edição da Apple, estrutura para gravação de vídeo e microfones para podcast”, detalhou.

Sobre as tendas de alimentação, Anna Reis relata que geralmente o almoço era composto de arroz ou macarrão, algum tipo de verdura, carne e farofa. No entanto, em muitas ocasiões serviam churrasco aos presentes. “Alguns com carne nobre e muita variedade”, detalhou. Ela ainda diz que depois da Copa do Mundo a frequência dos churrascos caiu vertiginosamente. Ao longo dos 70 dias, o acampamento contou com pelo menos três grandes tendas de comida.

Havia ainda um palco no QG onde pessoas poderiam dar recados, fazer discursos, ler mensagens, cantar o hino nacional, entre outras atividades. Segundo a jornalista, diariamente era arrecadado dinheiro vivo no palco e, nos primeiros dias, chegavam a juntar R$ 5 mil em meia hora.

“O discurso sempre foi violento”, diz a jornalista. “Sempre”, enfatiza. Anna Reis confirmou o que muita gente já suspeitava: “não foi de uma hora para outra que começaram a falar em invadir o Congresso Nacional ou o STF”.

Por fim, a jornalista termina o relato contando que no dia do desmonte final do acampamento, após ordem do Supremo Tribunal Federal, ela quase foi presa junto dos golpistas. “Fiquei uma hora com o exército tentando provar que era jornalista e, por fim, ser liberada. Só consegui depois de muito esforço (meu e da minha chefia). Todo o espaço estava cercado”, contou.