Em negociação de reajuste salarial com os bancários no Distrito Federal, a Federação Nacional dos Bancos (Febraban) manteve nesta segunda-feira (22) a proposta apresentada na última sexta-feira (19) que prevê reajuste de 7,19% nos vales alimentação e refeição. Os bancários rejeitaram a proposta por considerarem “rebaixada” e as negociações - que integram a Campanha Nacional dos Bancários 2022 – devem seguir na próxima terça-feira.
De acordo com cálculos do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, o aumento nos vales seria de aproximadamente R$ 3 por dia. O reajuste de 7,19% estaria em cerca de 80% da inflação geral (8,88%) e sequer atinge a metade da inflação dos alimentos (43% do total), principal destino do aumento.
"O reajuste proposto daria 3 reais a mais por dia, não paga nem o cafezinho, que está, em média 4,23 reais", disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, que também é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários (CNB), que negocia com a Febraban. Para ela, o reajuste nos vales é prioridade para a categoria e a campanha deve continuar até que se negocie uma proposta que cubra os altos custos da alimentação.
A Cesta Básica calculada pelo DIEESE está em R$ 777,01, e tem variação de 24% em um ano, 50% desde o início da pandemia e 77% desde o início do governo Bolsonaro. A cesta básica está 21% acima do valor do auxílio alimentação da categoria (R$ 644,44).
“Não podemos aceitar esta proposta! A categoria continua perdendo. E em todas as consultas que fizemos eles nos disseram que queriam aumento maior para os vales alimentação e refeição, pois os valores não são suficientes para chegar ao fim do mês”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira.
Nos seis primeiros meses de 2022, os cinco maiores bancos do país (Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) arrecadaram R$ 74,2 bilhões com tarifas cobradas dos seus clientes, em alta de 7,5% em relação ao mesmo período de 2021. Os bancos foram o setor econômico com maior lucro líquido entre as empresas de capital aberto (com exceção de Vale e Petrobrás) em 2021, com quase o dobro do lucro do segundo setor econômico mais lucrativo que foi o de energia elétrica. A rentabilidade média dos bancos desde 2003 fica invariavelmente muito acima da inflação.