Um vídeo que circula nas redes sociais, nesta terça-feira (2), mostra um homem proferindo falas racistas e homofóbicas na Biblioteca Mário de Andrade, equipamento público vinculado à secretaria municipal de Cultura da capital paulista. O caso ocorreu nesta terça-feira (2).
O sujeito, que até a publicação desta matéria não havia sido identificado, tinha sob uma escrivaninha o livro "Mein Kampf" (em português, "Minha Luta"), de Adolf Hitler, o chanceler da Alemanha nazista.
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"Não gosto de negro. A cultura deles é uma bosta. Se prestassem, não eram discriminados pela sociedade", afirmava o racista em meio a inúmeros outros impropérios preconceituosos, enquanto outros presentes na biblioteca o questionavam.
"Não gosto de negro, quem gosta de macaco é zoológico", dizia ainda, direcionando ofensas também contra homossexuais que, segundo ele, teriam o assediado. "Não sou obrigado a chupar rol* no banheiro público", declarava.
Em nota enviada à Fórum, a secretaria municipal de Cultura repudiou o ocorrido e informou que o homem foi encaminhado à delegacia para registro de ocorrência [leia à integra ao final desta matéria].
Assista à cena
Nota da secretaria de Cultura
"A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, repudia veementemente as falas e atitudes nazistas, homofóbicas e racistas do frequentador flagrado na tarde desta terça-feira (02) na Biblioteca Mário de Andrade (BMA), um espaço marcado pelo respeito às diferenças de gênero, raça, orientação sexual e pela celebração da diversidade.
Após o ocorrido, o frequentador, que já havia tido problemas anteriores no espaço, foi imediatamente levado para a 77ª Delegacia de Polícia para registro de ocorrência. A Prefeitura ressalta que racismo é crime inafiançável, pela Constituição Federal, lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989.
Nos últimos meses, a Biblioteca Mário de Andrade, tal como diversos outros equipamentos culturais da cidade, tem se empenhando em treinar a sua equipe para lidar com atitudes racistas, transfóbicas e misóginas em seus espaços, ao mesmo tempo em que vem desenvolvendo um trabalho de conscientização junto aos seus servidores.
A Prefeitura esclarece que as pastas da Cultura e de Direitos Humanos e Cidadania estão em diálogo para tratar do caso"
Apologia ao nazismo
No Brasil fazer apologia ao nazismo é crime previsto pela Lei 7.716/1989, com pena de reclusão de dois a cinco anos e multa para quem “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”.
A mesma lei classifica como crime, em seu artigo 1º, a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, o que poderia se aplicar ao caso do homem na Biblioteca Mário de Andrade.