Um desaparecimento repentino de duas jovens de Feira de Santana (BA), após anunciarem que fariam uma viagem a São Paulo, fez com que seus familiares suspeitassem de que algo de errado havia acontecido com Samara Taxma Chalegre Muritiba e Daiana Chalegre Muritiba.
Elas não deram mais notícias desde o começo de junho e os parentes, por meio do sinal dos aparelhos celulares delas, descobriram que os dispositivos tinham sido localizados havia semanas do outro lado da Terra, na Tailândia. Com o auxílio de advogados e com contatos diplomáticos do Itamaraty, o mistério teve fim: elas foram presas no aeroporto de Bangcoc, junto com um rapaz, em 13 de junho, carregando 15,7 kg de cocaína na bagagem, e estão recolhidas num presídio do país asiático, incomunicáveis, por conta da quarentena da Covid-19. As idades das baianas e do homem, detido junto com as irmãs, mas que segundo parentes não tem ligação conhecida com elas, não foram reveladas.
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O que causa mais estranheza nos familiares e nas autoridades brasileiras é que Samara, dona de uma clínica de estética, e Daiana, proprietária de uma loja de roupas em Feira de Santana, não têm qualquer passagem pela polícia ou ligação mínima com criminosos ou indivíduos suspeitos, além do fato de serem mães. Amigos confirmaram que jamais tomaram conhecimento de que as duas pudessem se relacionar com pessoas com esse perfil e dizem que elas eram de classe média, donas de seus próprios negócios e que não passavam dificuldades financeiras, assim como a família.
Com relação ao rapaz preso junto com Samara e Daiana, as autoridades brasileiras ainda não confirmaram oficialmente suas origens, embora informações encontradas nas redes mostrem que ele também é de Feira de Santana, mas reafirmaram que ele também nunca registrou problemas com a Justiça ou com a polícia. Laécio José Paim das Virgens Filho, pelo que se deduz em publicações da imprensa tailandesa e pelas fotos divulgadas pela polícia local, ainda no aeroporto, estaria junto com as irmãs de detidas, mas isso não está claro até agora.
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“A mãe teve contato com elas dois dias antes da prisão. Depois, a família ficou preocupada porque elas não deram notícia e entraram em contato com a Polícia Federal relatando o desaparecimento. Em contato com a embaixada brasileira, eles foram informados sobre a prisão”, explicou a advogada Kaelly Cavoli Miranda, que também atuou no caso de Mary Hellen Coelho Silva, 21 anos, detida no começo desse ano na Tailândia pelo mesmo crime e condenada recentemente em primeira instância a mais de nove anos de reclusão.
A defensora revelou que um advogado tailandês já foi constituído para defender Samara e Daiana e que por conta do histórico das irmãs, possivelmente elas possam ter sido enganadas por uma quadrilha de narcotraficantes internacionais que operam no âmbito do crime organizado.
“O que nós sabemos é Samara e Daiana nunca tiveram envolvimento com qualquer questão anterior que as comprometessem com a Justiça. Estamos caminhando para mostrar que elas foram enganadas, que tiveram a bagagem ocupada por alguma coisa ilícita ou extorquidas para que fossem até a Tailândia”, disse Kaelly.
A quantidade de entorpecente e o tipo transportado, no caso do trio, cocaína, podem render até 15 anos de prisão para cada envolvido, já que a Tailândia é um dos países com as mais rígidas leis antidrogas do planeta, que em muitos casos, dependendo da carga e da categoria do narcótico, pode render até a pena de morte para os criminosos condenados pelo delito.