O Itamaraty divulgou nesta terça-feira (07) uma nota sobre o desaparecimento de Bruno Pereira, servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do The Guardian no Brasil. No comunicado, o órgão relata "grande preocupação" com o caso.
"O Governo brasileiro tomou conhecimento, com grande preocupação, da notícia de que o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira estão desaparecidos na região do Vale do Javari, na Amazônia”, diz o início do comunicado.
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Em seguida, o órgão afirma que a Polícia Federal atua nas buscas. “Mobilizado desde logo, o Departamento de Polícia Federal (PF) está atuando naquela região e tomando todas as providências para localizá-los o mais rápido possível. A PF fez repetidas incursões e tem contado com o apoio da Marinha do Brasil, que se somou aos esforços nos trabalhos de buscas de ambos os cidadãos", diz a nota.
Em outro trecho, a possibilidade de o sumiço estar relacionado com crime é citada. “O Governo brasileiro seguirá acompanhando as buscas com o zelo que o caso demanda e envidando os esforços necessários para encontrar prontamente o profissional da imprensa britânica e o servidor da Fundação Nacional do Índio. Na hipótese de o desaparecimento ter sido causado por atividade criminosa, todas as providências serão tomadas para levar os perpetradores à Justiça".
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Por fim, o Itamaraty também afirma que "Os familiares e colegas de trabalho dos desaparecidos serão mantidos a par do progresso das buscas".
Após ameaças, liderança indigenista e jornalista do Guardian estão desaparecidos
O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips, correspondente do The Guardian no Brasil, estão desaparecidos há mais de 24 horas após saírem para uma missão de visitas a comunidades e trabalho de campo. Pereira era alvo de ameaças por parte de garimpeiros, pescadores ilegais e narcotraficantes que atuam na região.
De acordo com informações da Coordenação da Organização Indígena UNIVAJA, Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips dois se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas. Os dois chegaram no local de destino (Lago do Jaburu) no dia 03 de junho de 2022 às 19:25h. No dia 05/06 os dois retornaram logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte, porém, antes pararam na comunidade São Rafael, visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”
A UNIJAVA também revela que, pelo que consta nas informações trocadas, via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, eles chegaram na comunidade São Rafael por volta das 06:00h, onde conversaram com a esposa do “Churrasco”, visto que este não estava na comunidade e depois partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas. Assim, deveriam ter chegado por volta de 08h/09h da manhã na cidade, o que não ocorreu.
Após a demora em retornarem, às 14h saiu de Atalaia do Norte uma primeira equipe de busca da UNIVAJA, formada por indígenas extremamente conhecedores da região. A equipe cobriu o mesmo trecho que Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips supostamente teriam percorrido, percorrendo, inclusive, os “furos” do rio Itaquaí, mas nenhum vestígio foi encontrado. A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte. Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado.