O general da reserva Cláudio Barroso Magno Filho, lobista da mineradora Potássio do Brasil, entre outras empresas, esteve pelo menos 18 vezes no Palácio do Planalto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
A Potássio do Brasil é acusada pelo Ministério Público Federal de cooptação de indígenas do povo mura para exploração mineral na Amazônia —mais especificamente na região de Autazes (AM), entre os rios Madeira e Amazonas.
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A empresa chegou a operar dentro do território tradicional, conforme a ação do MPF.
Reportagem da Agência Pública de fevereiro último revelou que o general é um lobista de diversas empresas, desde mineradoras a fabricantes de armas desde 2000, quando passou à reserva. Mas seus negócios começaram a prosperar mesmo depois de posse de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão -seu amigo há 40 anos, desde que ambos ambos cursaram a Aman (Academia Militar das Agulhas Negras).
A Potássio do Brasil é um braço do banco canadense Forbes & Manhattan, que entre outras controla a mineradora Belo Sun, que há mais de 10 anos briga para construir uma megajazida para exploração de ouro a céu aberto na Volta Grande do Xingu, que fica no município de Senador José Porfírio (PA), a menos de 50 km da barragem principal da UHE Belo Monte e a menos de 9,5 km da Terra Indígena (TI) Paquiçamba. Barroso Magno Filho atua como lobista de todas as empresas do grupo.
A megajazida implicaria na construção de uma barragem de rejeitos para alocar cerca de 40 toneladas de minérios, em uma área maior que a barragem rompida pela Vale em Mariana (MG).
O banco, comandado pelo bilionário Stan Bharti, tem como sócios na mineradora o Deutsche Bank, da Alemanha, e o Royal Bank of Canadá, além do fundo de investimentos BlackRock, que atua nos bastidores do mercado de Petróleo e tem interesses, entre outros, na privatização da Petrobrás.
Barroso Magno Filho atuou como lobista para destravar os negócios do banco canadense, parados por causa de embargos ambientais e questões relacionadas às terras indígenas no Brasil.
Em setembro de 2019, no primeiro ano do mandato de Bolsonaro, o general intermediou um encontro de Bharti com o vice-presidente Hamilton Mourão. De lá pra cá, uma série de iniciativas do governo foram tomadas para beneficiar diretamente os negócios da empresa no Brasil.
A informação sobre a entrada do general da reserva no Planalto é da Folha de S.Paulo, a partir de dados da tabela de registros de visitas visitas ao Planalto do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência e que foi obtida por conta de um pedido baseado na LAI (Lei de Acesso à Informação).
"O levantamento é correto. Tenho um vínculo em apoio à Potássio do Brasil, não sou contratado e estive nos órgãos governamentais. Houve uma aproximação da Potássio com agências do governo, um esforço de convencimento", disse o general à Folha.