Um grupo armado utilizando coletes de motoclube e insígnias nazistas teria entrado num bar de Campinas (SP) na noite desta sexta-feira (8) e causado uma grande confusão. Vários relatos nas redes informam que os criminosos chegaram no Bar do Ademir, próximo às moradias de estudantes da Unicamp, e começaram a hostilizar os frequentadores negros, aos empurrões e imitando macaco. Antes de ir embora, integrantes do bando ainda sacaram armas e deram tiros para o alto.
De acordo com testemunhas, os homens ainda agrediram o dono do estabelecimento, que tentou intervir para proteger os clientes.
“Oi, gente... Boa noite. Agora são 23h10 e eu acabei de vir do Bar do Ademir, que é aqui em Barão Geraldo, em Campinas e... A gente sofreu, eu não sei se uma tentativa de homicídio, ou um atentado, enfim, não sei. Eu tava tocando, que eu sou DJ, e parou um carro preto com três pessoas dentro, vestidas de preto com os símbolos do Abrutres, de motoqueiros, motociclistas, sei lá... E arrumaram confusão com um rapaz guineense que trabalha lá na frente, no bar, e quando a gente foi pra apaziguar e ver o que tava acontecendo, um dos caras do carro tirou uma arma e apontou pras pessoas e deu três tiros pro alto. Depois disso ele apontou a arma para mim, e eu corri, né? E depois de arrumar mais algumas confusões, eles entraram no carro e foram embora. O que acontece é que algumas pessoas relataram que eles estavam com alguns símbolos neonazistas, e eu não sei se esse grupo de motoqueiros, Abrutres, né, se eles são neonazis, mas o fato é que eles apontaram armas para pessoas negras e, enfim, eu estou bem, mas a gente não sabe qual era realmente a intenção daquelas pessoas ali”, disse um jovem num vídeo publicado no Instagram, identificado como O’Rosa Rodrigues.
Segundo um outro frequentador do bar que assistiu às cenas ameaçadoras, a Polícia Militar teria prendido, horas depois, dois homens com as características dos acusados no município vizinho de Paulínia. Como algumas das vítimas anotaram a placa do veículo e informaram às autoridades, não se sabe se os suspeitos foram pegos com base nesses dados do automóvel, ou se por acaso. Os responsáveis pelo Bar do Ademir e outros clientes, na tarde deste sábado, informaram que estavam tentando reunir um grupo de testemunhas para ir ao DP da cidade próxima e fazer o reconhecimento dos detidos.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que soube das informações por conta de uma viatura da PM que compareceu ao local, mas os homens já tinha ido embora, e pelo que circula na internet. O órgão garantiu que nenhuma ocorrência sobre o crime foi registrada em delegacias do Estado. .
"Quando vi a arma, fiquei desesperado, até paralisei. O bar tem mais de 20 anos. Nunca tinha passado por uma situação dessa. Pra mim, foi racismo. Não tem por quê, eles nem estavam no bar consumindo nada", contou o dono do comércio, que não teve a identidade revelada.
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e a vereadora Mariana Conti (PSOL), por meio das redes sociais, informaram que tomaram conhecimento sobre o fatídico ocorrido e que já estão entrando em contato com os serviços de segurança para exigirem providências na apuração do fato.